O Nordeste brasileiro foi representado na filmografia nacional, principalmente a partir do cinema novo, na década de 1960, por meio de um conjunto de imagens que tentavam promover a reprodução de sua identidade, paisagem e tradições ou costumes. Nessas narrativas audiovisuais, a construção de imaginários sobre os nordestinos e sua região é, normalmente, delineada a partir de imagens do Semiárido por uma perspectiva homogeneizante. Em 2016, o filme Reza a Lenda, dirigido por Homero Olivetto, desponta no cenário nacional como uma nova forma de representação do Nordeste e seu enredo e gravação acontecem no Semiárido. Este artigo analisa os signos de nordestinidade que perpassam essa trama fílmica, verificando qual a representação da região semiárida que é transmitida.
No corpo do trabalho é feito uma pequena introdução apresentando conceitos como identidade e representação. Em seguida as autoras discorrem sobre a proposta da 'Convivência com o Semiárido', que dá embasamento a um novo modo de conceber a região semiárida do Nordeste brasileiro dando visibilidade às suas potencialidades produtivas, sociais, econômicas, etc., em contraponto com algumas reproduções fílmicas, e também literárias, que foram/são postas por muitas produções desse tipo no país trazendo um desenho dessa região voltado para a precariedade, a violência e a miséria. Essa diferenciação permite entender como o filme Reza Lenda, uma produção do século XXI, representa o semiárido brasileiro.
É utilizado no trabalho frames da referida produção cinematográfica que dão visibilidade ao conteúdo destacado e contribuem para a análise da obra, tanto àquela feita pelas autoras, como às possíveis identificações que o receptor poderá fazer.