O câncer de colo uterino (CCU) é um problema de saúde mundialmente comum entre as mulheres, perdendo apenas para o câncer de mama. É uma das principais causas de morte entre as mulheres que vivem em países em desenvolvimento. Esta neoplasia é considerada de fácil detecção e prevenção a partir do teste de Papanicolaou, uma estratégia de rastreamento amplamente utilizada, adotada pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A faixa etária de risco envolve mulheres entre 25 e 59 anos de idade. Entretanto, apesar de as recomendações de rastreamento priorizarem mulheres nesta faixa etária, a incidência do CCU também é alta em idosas. A partir deste relato de experiência propomos descrever algumas atividades que possam fortalecer o atendimento humanizado às mulheres idosas, no tocante às orientações e esclarecimentos acerca do exame de Papanicolaou neste grupo etário, sobretudo relacionadas às modificações fisiológicas próprias da fase de envelhecimento. Para tanto, objetiva-se relatar a experiência enquanto extensionista que desenvolve o atendimento humanizado durante o exame de Papanicolaou realizado nas mulheres idosas. O projeto de extensão “Prevenindo o Câncer de Mama e de Colo Uterino em Unidade de Saúde da Família” é desenvolvido no município de João Pessoa-PB, em apenas uma Unidade Integrada de Saúde da Família há 12 anos. As atividades são realizadas por extensionistas do curso de graduação em Enfermagem e do curso técnico de Enfermagem, sob acompanhamento de professoras da Escola Técnica de Saúde da UFPB e colaboradoras enfermeiras da referida unidade e do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem. Todas atuam em dias alternados em uma sala própria para a realização do exame citopatológico cervical. Apesar da baixa procura do exame, a maioria das idosas se considera sexualmente inativa, adiando o teste ou subestimando seu tempo de intervalo. Além disso, o avanço da idade traz consigo a redução na produção de hormônios sexuais, provocando modificações fisiológicas, tais como diminuição da elasticidade e da lubrificação vaginal, prejudicando a realização do exame. Neste caso, orientamos que a idosa solicite às enfermeiras medicamento tópico à base de estrógeno, que proporciona maior lubrificação e consequente redução da dor no momento do exame. É necessário que saibamos lidar com mulheres deste grupo etário, compreendendo e disseminando a importância da realização do exame de Papanicolaou mesmo após a menopausa, e com a devida regularidade. Isso contribui para a redução da incidência do CCU na fase de envelhecimento. A escuta qualificada e a troca de experiências que ocorrem na sala do exame Papanicolaou nos torna mais humanizadas e preparadas para lidar com situações que envolvam vergonha, desconforto e insegurança. Percebemos que nossa atuação é diferenciada, permitindo a criação de vínculo, confiança e abertura para orientações individualizadas e eficazes quanto à necessidade da realização periódica do exame, uso de estrógeno tópico e questões que envolvam a sexualidade.