A partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996, a Educação de Jovens e Adultos (EJA) passou a ser reconhecida como uma modalidade de educação básica que tem por finalidade atender cidadãos que não puderam concluir seus estudos na idade apropriada. Para atender essa clientela, o Parecer nº. 11/2000, que trata das Diretrizes Curriculares Nacionais para EJA, destaca que as licenciaturas não podem deixar de considerar, em seus cursos, a realidade dessa modalidade de ensino. Além disso, diversos autores salientam que o professor quando atua na EJA, reflete sobre sua própria prática pedagógica, constata as especificidades dessa modalidade de ensino e as lacunas deixadas na sua formação inicial que os impede de atuar satisfatoriamente e defendem que é preciso investir no processo de formação inicial e continuada para atender os jovens, adultos e idosos que retornam a sala de aula após um longo processo de exclusão. Amparados nas ideias expostas, essa pesquisa buscou analisar a prática pedagógica, no que tange a EJA, dos professores que ministram a disciplina Prática de Ensino como Vivência Curricular do Ensino Médio do curso de Licenciatura em Matemática da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) – campus Paulo VI, tendo por base as experiências que esses profissionais possuem após aturarem nesta modalidade de ensino, com o intuito de verificar se estes profissionais, por já terem atuado na EJA, concedem as discussões sobre o tema de maneira mais abrangente, contribuindo satisfatoriamente para a formação de professores que eventualmente poderão atuar nessa modalidade de ensino. Quanto aos procedimentos metodológicos, a pesquisa possui abordagem qualitativa, para a obtenção de dados foram realizadas entrevistas semiestruturada com dois professores do Departamento de Matemática da UEMA e as respostas foram analisadas com o aporte teórico da Análise de Discurso de vertente francesa afiliada a Michel Pêcheux. Como resultado, constatamos que o tema EJA ainda é colocado em segundo plano até mesmo pelos professores que já possuem experiência em turmas de Jovens e Adultos e que os licenciandos em Matemática são encaminhados para as turmas dessa modalidade de ensino sem nenhuma preparação, mesmo os professores reconhecendo essa falha no processo de formação inicial. Acreditamos que esse trabalho, permite realizar uma reflexão sobre a formação do professor de matemática da UEMA e do descaso das instituições de ensino superior e dos formadores de professores quando se trata do tema EJA e ressaltamos a importância de proporcionar discussões sobre essa modalidade de educação, não somente na disciplina de Prática de Ensino, mas ao longo de todo processo formativo do professor que poderá ministrar aulas nas turmas de jovens e adultos e a necessidade de cobrar dos professores que já atuaram na educação de adultos, uma atuação mais satisfatória quanto a abordagem desse tema na sua prática pedagógica, visto que vivenciaram a realidade dessas turmas e conhecem as especificidades que ela demanda.