O adoecimento faz parte da vida humana. O cuidado em saúde acontece de diversas formas e está condicionado primeiramente ao conhecimento adquirido no seio familiar. Este estudo parte do pressuposto social e cultural de que o ser humano é construtor e construído pelas suas interações sociais e culturais; da experiência de situações de saúde-doença como únicas e subjetivas, assim como das abordagens que utiliza para o enfrentamento do adoecimento. Teve como objetivo identificar quais abordagens não convencionais para o cuidado em saúde são utilizadas por usuários de uma Unidade de Saúde da Família (USF) no Vale do Rio do Sinos/RS. Caracterizou-se como um estudo exploratório-descritivo de análise qualitativa, desenvolvido por meio de um questionário sociodemográfico e de uma entrevista semiestruturada. A amostra foi composta de 7 participantes indicados por informantes chave do território da USF. Observou-se que a população entrevistada utiliza grande diversidade de práticas e abordagens não convencionais para o cuidado em saúde, tais como: fé, curandeiros, erveiros, chás, afumentação, simpatias, plantas medicinais, óleos, gordura animal, enfaixamentos e banhos terapêuticos; e que as mesmas são referidas como a primeira opção viável que antecede a busca pelo serviço de saúde e permeia a promoção da saúde, prevenção de doenças e reabilitação. Notou-se que as terapias alternativas são utilizadas com objetivo de: tratamento de doenças pulmonares e feridas; relaxamento; amenizar a ansiedade; reduzir a pressão arterial e a febre; tratar distúrbios musculoesqueléticos; contusões e dores físicas, entre outros. Percebeu-se a forte presença do eu cuidador, e dos conhecimentos adquiridos a partir de um membro da família, em especial mães e avós. Alguns entrevistados referiram que os filhos e netos não acreditam em seus ensinamentos e outros disseram não contar aos profissionais de saúde sobre o uso de abordagens não convencionais, porque já foram constrangidos por profissionais em virtude de suas práticas. Os resultados apontam a importância da desmitificação da utilização das abordagens terapêuticas não convencionais, e de trazer para discussão se os profissionais de saúde e graduandos estão preparados e sensíveis para acolher e atender às demandas das comunidades; bem como de introduzir outros conhecimentos na graduação, com a urgência de repensar a saúde em uma dimensão ampliada, humanizada e integral, conhecendo, acolhendo, valorizando e respeitando o saber popular e as diferenças culturais.