A população do Brasil envelhece a um ritmo acima da média mundial, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), tendo como principal causa, dentre outras, a drástica queda da taxa de fecundidade, de mais de seis filhos por mulher na década de 60 para 1,9 filhos na média de 2005 a 2010. Por isso, a assistência à saúde ao idoso tornou-se prioridade, o que é assegurado pelo Estatuto do Idoso (LEI No 10.741, DE 1º DE OUTUBRO DE 2003). Em paralelo a estes fatos, a prevalência do trauma em idosos tem aumentado de forma significativa nos últimos anos, especialmente nos grandes centros urbanos. A intenção de relatar esse texto partiu de práticas vivenciadas por mim, bombeiro militar e estudante de medicina e por alguns companheiros da corporação quanto ao atendimento pré-hospitalar aos idosos promovido por nossa instituição na cidade de Campina Grande/PB, em conjunto, alguns momentos, com o Sistema de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). De acordo com nosso registro de dados sobre as ocorrências realizadas no último triênio, apesar do percentual de vítimas de traumas para essa faixa etária ainda ser baixo comparado a outras idades, merece atenção por seu crescimento. Assim como os pacientes de outras idades, o atendimento ao idoso deve seguir recomendações do Colégio Americano de Cirurgiões estabelecida no Advanced Trauma Life Suport. Seguimos este manual em nossos atendimentos, o que tem nos ajudado a lhe dar com situações complexas em nossas ocorrências, como o atendimento ao idoso traumatizado. A preparação prévia (preparação da equipe, uso de equipamentos de proteção individual, contato com a instituição de saúde que receberá o idoso) é de suma importância assim como a forma de abordar o ancião traumatizado por que sua responsividade pode estar alterada por motivos neurológicos ou perda de audição (hipoacusia) devido à idade. Outros pontos também devem ser considerados: ficar atento ao reflexo de vômito que pode estar diminuído e averiguar se o paciente usa próteses, estes procedimentos estão relacionados à manutenção da via aérea pérvea; analisar traumas e diminuição da capacidade de expansão da caixa torácica e outras alterações que podem levar a um desequilíbrio da relação ventilação/perfusão; quanto à circulação temos que levar em consideração o comportamento ‘enfraquecido’ do sistema autônomo e também do miocárdio, bradisfigmia e a complacência do sistema cardiovascular para saber quais medidas deverão ser tomadas; no exame neurológico, além de outros fatores, devemos deter a atenção a doenças que acometem esse sistema para não chegarmos a conclusões errôneas. Os profissionais que realizam tais procedimentos devem estar atentos às modificações morfofisiológicas dos idosos, conhecer patologias e uso de medicamentos frequentes dos mesmos para que possam realizar uma conduta padrão, tratando das situações de risco de morte e evitando complicações de eventos traumáticos. Um bom treinamento e reciclagens periódicas são necessários para uma equipe bem instruída e confiante.