Para chegar à conjuntura atual, a sociedade passou por inúmeras modificações coletivas e edificou-se mediante a binarismos responsáveis por organizar as relações sociais. Hodiernamente, torna-se perceptível que essas relações influenciam no funcionamento da coletividade e refletem na construção das obras literárias. Em vista disso, o presente trabalho possui como objetivo analisar o conto Feliz Ano Novo (2012), de autoria Rubem Fonseca, sob a perspectiva da sociologia da literatura, de forma a se mostrar presente a influência do externo em detrimento ao interno. Igualmente, se tem como objetivo apresentar o contexto dos personagens socialmente marginalizados, os quais, inseridos em uma situação de extrema pobreza, recorrem à violência brutal para garantir os seus subsídios básicos. Com base nisso, a pesquisa, de caráter bibliográfico e abordagem qualitativa, está embasada em pressupostos teóricos que buscam resgatar o diálogo existente entre sociedade e literatura com Antonio Candido (2006), Carneiro e Rodrigues (2017) e Otsuka (2009), nos fundamentos que apresentam o conceito de dialogismo construído por Mikhail Bakhtin (2003) e nas noções que também resgatam os conceitos de sociedade, cultura e classes sociais discutidas por Homi Bhabha (1998). À luz deste exposto, o trabalho possui como resultado a evidência de um cenário socialmente discriminatório que se manifesta na sociedade e influencia na ficção, dado o seu constante processo dialético entre externo e interno. Ademais, os resultados mostram que a narrativa fonsequiana resgata a denúncia social como uma de suas temáticas, de maneira que seja observado o contexto daqueles que vivem às margens da sociedade e acreditam na violência como único meio para sobrevivência.