Este artigo tem como objetivo sintetizar teorias sobre o impacto do envelhecimento na cognição, em geral, e, especificamente, em funções executivas, sobretudo em processos relacionados ao raciocínio. A compreensão deste tema possibilita o delineamento de intervenções que possam melhorar a qualidade de vida da população idosa, tendo em vista as tendências mundiais de mudança na constituição da pirâmide etária. Durante o envelhecimento, ainda possua alto grau de escolarização, o ser humano passa por declínios cognitivos relacionados à idade (também chamado de envelhecimento cognitivo). Mesmo durante o envelhecimento típico (não patológico), há evidências de que o envelhecimento se relaciona ao declínio em diferentes graus em algumas habilidades cognitivas, como memória de trabalho, funções executivas, velocidade de processamento, memória episódica; ainda que haja um crescimento no vocabulário. Há também crescentes evidências de que os déficits relacionados à idade são moderados por outros fatores importantes, como metas, motivação e conhecimentos prévios. Como exemplos de intervenções, serão trazidos estudos sobre aperfeiçoamento da flexibilidade cognitiva através de operações focadas em treino de raciocínio e argumentação. Também serão relatados resultados de um estudo empírico realizado pelos autores com 15 idosos num programa de intervenção focado em argumentação adaptado para pessoas idosas, com duração de 10 semanas. Os resultados deste estudo sugerem que, quando comparado ao início da intervenção, houve maior densidade de flexibilização do raciocínio e menor densidade de polarização do raciocínio dos participantes ao final da intervenção. A escassez de estudos nesta área se constitui num campo promissor que abre uma importante agenda de pesquisa, especialmente num mundo no qual se observam mudanças na constituição da pirâmide etária.