O trabalho docente, conforme Kuenzer e Caldas (2009) está inscrito na totalidade do trabalho no capitalismo, permeado por suas contradições, e marcado pela dupla face dessa atividade. A relação dialética entre valor de uso e valor de troca faz da atividade humana, trabalho, algo que pode levar a autorrealização, à humanização ou à desumanização e ao sofrimento. No capitalismo, onde predomina a produção de valor de troca, o trabalho, e especificamente o trabalho docente, pode levar a comportamento de resistência ou desistência. A pesquisa analisa a natureza do trabalho no capitalismo, em particular o trabalho docente e suas implicações no cotidiano do professor. Trata-se de investigação bibliográfica referenciada em estudiosos da área de política educacional, trabalho e profissão docente, como Landini (2008), Kuenzer e Caldas (2009), Mancebo (2008), Oliveira (2011). No capitalismo o trabalho docente é realizado de maneira fragmentada e pragmática e resulta num processo de estranhamento e alienação. A partir da investigação realizada, concluímos que o trabalho é uma atividade fundante do ser humano e teleológica. Entretanto, na sociedade capitalista assume a dimensão de desumanização e alienação. Essa dupla face do trabalho também se expressa no trabalho docente. Este pode ser fonte de realização, de prazer, como tornar-se fonte de frustração e adoecimento físico e psíquico. A intensificação e a precarização do trabalho, impulsionadas pelas reformas e políticas educacionais produtivistas, trazem implicações para o cotidiano docente: perda de autonomia, rotinização das atividades, ampliação da jornada de trabalho, desenvolvimento de patologias, síndrome da desistência, dentre outros.