A população idosa cresce aceleradamente e revela uma variabilidade de características que se refletem em diferentes níveis de saúde e necessidades. Para que as políticas públicas atendam de forma eficaz às novas demandas, faz-se essencial conhecer a real situação de saúde, sendo as estatísticas de mortalidade um importante instrumento para a produção de bases objetivas para tal. Objetivo: identificar os padrões de mortalidade dos idosos de 80 anos ou mais de idade residentes na região Nordeste do Brasil, no período de 2001 a 2012. Metodologia: o estudo se caracteriza como ecológico, cujos dados foram obtidos a partir do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e medidos através da Mortalidade Proporcional (MP), segundo capítulo CID-10. Para delinear os perfis (clusters) de mortalidade presentes no Nordeste, utilizou-se a Análise de Conglomerados não Hierárquicos do tipo K-means, sendo os grupos formados comparados entre si através dos testes T e ANOVA, em função do número de grupos formados, ao nível de significância de 1%. Ademais, realizou-se a distribuição espacial dos mesmos através da técnica Análise Espacial de Áreas. Resultados: Formaram-se três perfis de mortalidade nos municípios do Nordeste, a saber: Alta carga de doenças vasculares (358 municípios); Doenças cardiovasculares e mal definidas (1.092 municípios); e Perfil de causas mal definidas (321 municípios), entre as quais houve diferenças significativas da mortalidade proporcional para todas as causas. O mapa dos padrões de mortalidade dos idosos longevos se destaca pela forte presença do perfil de Doenças cardiovasculares e mal definidas, que é encontrado em toda a região e abrangendo cerca de 80% dos estados de Sergipe e Rio Grande do Norte. O perfil de Alta carga de doenças cardiovasculares detém uma menor representação no Nordeste, sendo mais encontrado no centro da porção oeste da região e nos estados do Piauí e Ceará. Já o perfil de causas mal definidas, a maior parte da sua distribuição (72,9%) se concentra em dois estados: Maranhão e Bahia. Conclusão: os padrões de mortalidade dos idosos longevos apresentam homogeneidade em relação às causas, estando concentradas nas doenças cardiovasculares e mal definidas. Tais achados indicam uma grande necessidade de políticas públicas para a prevenção, controle e tratamento das doenças cardiovasculares, que produzem um alto grau de limitação, com um período de terminalidade frequentemente longo, reduzindo a qualidade de vida muito antes da ocorrência do óbito. Ademais, faz-se mister a melhoria da qualidade das informações, especialmente nos estados do Maranhão e da Bahia, cujo conhecimento da real situação de saúde está intensamente prejudicada em decorrência da dificuldade de determinação da causa do óbito.