O contexto do adoecimento/hospitalização traz uma carga de sofrimento tanto para a criança, quanto para seus familiares, pois configura-se como uma situação crítica que pode desencadear estados de ansiedade, depressão ou angústia, devido a se configurar como uma situação desconhecida e ameaçadora, com imposição de rotinas rígidas e permeada por procedimentos invasivos e dolorosos. Diante desta situação, verifica-se a necessidade de uma escuta qualificada e genuína ao paciente e seus familiares, haja vista que no presente momento de fragilidade emergem conflitos anteriores à hospitalização que precisam ser elaborados a fim de não pesarem ainda mais sobre a experiência atual, que por si só já é traumática. Além dessa escuta, outro recurso de ajuda a criança é o brincar, que é um pré-requisito para o desenvolvimento saudável sendo, portanto, fundamental neste processo para facilitar a elaboração dos conflitos ocasionados pela hospitalização. Desta forma, este trabalho tem como objetivo relatar a experiência do setor de psicologia na pediatria com a utilização de ludoterapia para os pacientes em regime de internação na clínica pediátrica do HULW. Trata-se de um estudo descritivo, de natureza qualitativa, do tipo relato de experiência da prática profissional em Psicologia Hospitalar, desenvolvida no HULW, a partir da descrição das intervenções psicológicas que são realizadas a partir de recursos lúdicos. O local onde foram realizadas as intervenções é a Clínica Pediátrica do HULW, que conta atualmente com 32 leitos, e há uma psicóloga de referência, que atua diariamente, e uma residente em psicologia. No ambiente hospitalar, o trabalho com a ludoterapia pode ser realizado através de diversas técnicas e recursos, desde o desenho, que visa facilitar a organização de informações e a elaboração das experiências vividas, como também a criação de histórias pelas crianças, nas quais o psicólogo analisará os padrões de pensamento, resolução de problemas e reações emocionais dos personagens trazidos. Para ajudar na explicação sobre a doença e o tratamento que está sendo realizado, recursos lúdicos como, brinquedos dirigidos, folders elucidativos, livros de histórias terapêuticas, entre outros, tornam-se muito importantes. A preparação da criança para passar por esses procedimentos torna-se essencial, e, para isto, pode-se usar o ensaio comportamental através do uso de modelagem com materiais lúdicos hospitalares, trazendo a explicação de todo procedimento e reações que poderão ocorrer, para assim, prevenir crises e minimizar a ocorrência de comportamentos não colaborativos. Quando percebemos no paciente estados de angústia diante a hospitalização, gerando apatia, utilizamos histórias que narram a transformação dos personagens, para, assim, oferecer esperança. Utilizamos também o espaço da brinquedoteca hospitalar do HULW para incentivar à participação em atividades sociais e prazerosas, já que estas tendem a diminuir a ocorrência de comportamentos de retração ou isolamento. Diante do exposto, percebe-se que realizar intervenções psicológicas que utilizem o brincar, colabora com a criação de novas formas da criança lidar com a doença e a hospitalização, devendo fazer parte da prescrição médica, ocupando um lugar de destaque no âmbito da promoção da saúde e atendimento integral à criança.