A violência obstétrica constitui um desrespeito à mulher, ao seu corpo e a seus processos reprodutivos. Pode ocorrer por meio de tratamento desumano, da patologização do parto ou do abuso da medicalização, impedindo, assim, a autonomia da mulher. A importância dessa temática justifica uma discussão mais ampla que deve se iniciar a partir do entendimento de como a violência obstétrica tem sido abordada no meio científico. Nesse sentido, este trabalho trata-se de uma revisão integrativa da literatura, com abordagem qualitativa, cujo objetivo geral é analisar as produções científicas sobre violência obstétrica, com enfoque na área da Enfermagem, identificando as práticas de violência obstétrica cometidas durante o período gestacional, parto e puerpério. Obedecendo aos critérios de inclusão e exclusão, foram analisados oito (8) artigos publicados a partir de 2004. Nos artigos, pôde-se verificar tanto a compreensão dos profissionais de saúde quanto das usuárias dos serviços de saúde sobre a violência obstétrica. Em todos os artigos analisados foram apontadas a realização de intervenções desnecessárias em mulheres em trabalho de parto. A análise mostrou que a violência parece ser um fenômeno velado, uma vez que as mulheres se submetem a essa situação por acreditarem que os procedimentos - que configuram violência obstétrica - sejam necessários, ainda que dolorosos ou constrangedores. Considerando a relevância da temática pesquisada, esse estudo ressalta a importância do aumento da produção científica sobre a violência obstétrica para que o tema possa ser mais discutido e explorado dentro do campo da assistência obstétrica, no sentido de subsidiar a implementação de políticas públicas de saúde para mulheres. A publicização dessa discussão contribuirá também para expor o caráter normatizado da violência obstétrica e para favorecer o resgate do parto como um processo natural, no qual a mulher deve ser a protagonista.