Neste trabalho pretendeu-se avaliar os impactos provocados pelos materiais expelidos pelo vulcão Eyjafjallajökull na Islândia, na qualidade do ar do Arquipélago dos Açores-Portugal no ano de 2010. Para tal foram construídas trajetórias reversas, a partir da ilha Terceira no período em que o vulcão esteve mais ativo – 21 de março a 17 de maio de 2010, usando o modelo HYSPLIT. Paralelamente utilizaram-se os dados de PM10, registados na estação de qualidade do ar localizada na ilha do Faial no Arquipélago dos Açores, nesse mesmo período de tempo, de modo a perceber se existia alguma relação entre as trajetórias retrógradas construídas ou modeladas pelo HYSPLIT e a quantidade de partículas PM10 em suspensão no ar respirável.Verificou-se que o comportamento das várias trajetórias retrógradas, a diferentes altitudes é muito diversificado, mostrando claramente que a circulação atmosférica e a dispersão de partículas varia com a altitude. Os registos reais de PM10 à superfície, no Faial, dão consistência aos resultados do modelo HYSPLIT uma vez que, num primeiro período (13, 14 e 16 de abril), houve a chegada de cinzas até ao nível do solo, porém tal facto já não foi confirmado num segundo período (de 9 a 16 de maio), quando foram cancelados voos na região e para a região, devido à presença de nuvens de cinza sob o Arquipélago. Nessa altura os valores de concentração de partículas no ar mantiveram-se praticamente constantes. Um dos motivos que pode ter levado à paralisação de voos no espaço aéreo dos Açores, sem ter havido grande aumento superficial de PM10, poderá ter a ver com a dispersão de cinzas em altitude (afetando a aviação sem afetar a qualidade do ar respirável).Pode-se afirmar que a as emissões do Eyjafjallajökull além dos impactos inequívocas que teve na aviação no arquipélago, também constituiu uma fonte de poluição natural e afetou a qualidade do ar do Arquipélago dos Açores, bem como a qualidade do ar de toda a região do Atlântico Norte Central.