FORMAÇÃO DOCENTE E LEITURA LITERÁRIA NA LICENCIATURA INTEGRADA DA UFPA Leide Anny Ferreira Fagundes/ leidefagundes10@hotmail.com/UFPA/IEMCI/GEPASEA Elizabeth Orofino Lucio/UFPA/IEMCI/GEPASEA Eixo Temático: (Alfabetização e Letramento - com ênfase em referenciais, metodologias e práticas aplicadas na alfabetização, numeramento e no letramento científico). Resumo Este trabalho tem o objetivo de trazer reflexões sobre o papel da história de vida de alunos da graduação em Licenciatura Integrada em Educação em Ciências, Matemática e Linguagens da Universidade Federal do Pará (UFPA), tendo como eixo central a literatura infantojuvenil, mais especificamente na relação do seu acesso pelos estudantes com sua realidade construída até a sua inserção universitária. Busca-se ainda apresentar os percursos norteadores que conduziram esses futuros docentes à cultura literária. Citar a literatura infantojuvenil é, de certo modo, vasto quando se trata de experiências de vidas, sejam elas socioculturais, políticas ou históricas. A particularidade de cada indivíduo retrata faces peculiares, também presentes no contexto pedagógico, marcado pela diversidade. Não obstante, cada um tem sua própria história construída. Daí a necessidade de formar leitores dentro de uma educação baseada na riqueza da literatura. Apesar do vasto crescimento em quantidade e qualidade no acesso ao ensino, torna-se cada vez mais valioso, em especial, proporcionar o respeito ao encontro imaginário infantojuvenil e o respeito ao leitor. De antemão, deve-se pontuar que a linguagem está relacionada com a vivência social do sujeito, na qual a sua experiência é parte integrante do sentido do dizer (BAKHTIN, 2006). Nesse sentido, o público alvo do presente estudo, pertencente à Turma de Licenciatura Integrada da UFPA, pôde salientar, por meio de suas narrativas em sala de aula, suas trajetórias ao longo de seus estudos e vivências familiares, partindo de uma breve memória de seus interesses e oportunidades relativas à literatura. Diante da partilha dos alunos durante as explanações realizadas em sala de aula, constatou-se alguns temas citados com maior recorrência, motivo pelo qual formulamos um questionário relativo ao tema "formação docente e literatura literária", tendo como foco a realidade contextual de nossos interlocutores. O intuito é construir o encontro e a valorização quanto à formação docente fortalecida pela leitura literária, cuja reflexão parte dos diferentes pontos de vista dos alunos, mediante a narrativa de identidade pessoal e os aspectos que retratam os motivos de afastamento e de aproximação com a leitura. Considerou-se a relação dos conhecimentos individuais, por certas vezes com fatos singulares, sem desconsiderar, contudo, os contrapontos quanto às diferenças, pois cada estudante sintetizou suas experiências conforme sua memória, relatando o que deu sentido a sua trajetória (a influência de familiares ou professores, por exemplo). Com isso, buscou-se a relação entre passado e presente na perspectiva de crescimento na formação do docente com a base literária. Para Vygotsky (2005), o homem só se humaniza aprendendo com os outros e é por meio da educação que este socializa o saber historicamente produzido. Nesse contexto, os alunos estão obtendo o ensejo de perceber o quanto se faz necessária a presença da leitura para que se possa formar leitores e escritores, sabendo ainda que para ensinar é necessário aprender, ou melhor, ser de fato leitor, propiciando, assim, a constituição de si por meio da literatura infantojuvenil. Para isso, faz-se necessária a percepção de que a leitura é fundamental para o desenvolvimento humano. Segundo Mello (2011), a criança ao conhecer um objeto, como um livro de literatura, atribui-lhe um sentido e um significado. O sentido atribuído depende das experiências vividas e proporciona uma atitude com o objeto. A atitude, por sua vez, depende de como a criança representa o livro, e como este a afeta e quanto afeta. Para Vygotsky (2007), o desenvolvimento do psiquismo humano processa-se por meio do seu entorno social, histórico e cultural. Isso significa que o ser humano não vive só, mas cercado de pessoas que o influenciam na forma de ser, pensar e agir. Ao mesmo tempo, porém, cada indivíduo vive a sua própria história e essa experiência de vida contribui para a formação da sua personalidade. Tendo em vista tais afirmações, constatou-se que parte dos alunos pôde perceber, a partir de suas reflexões individuais, a necessidade de se tornar leitor literário assíduo, e não apenas ler por obrigação. Segundo Bakhtin (2010), os sujeitos, sejam eles adultos ou crianças, constroem conhecimentos quando interagem com o outro, quando dialogam e têm a oportunidade de experimentarem novas formas de se relacionarem com as pessoas e com os objetos de conhecimento. No que tange à construção de sentidos e ao lugar social da literatura, o autor afirma: "[...] o sentido é potencialmente infinito, mas pode atualizar-se em contato com o outro sentido (do outro), ainda que seja uma pergunta do discurso interior do sujeito da compreensão" (Idem, p. 382). Para Machado (2001), apesar da grande importância que a literatura exerce desde a infância, seja no desenvolvimento emocional ou na capacidade do sujeito expressar suas ideias, os indivíduos normalmente não gostam de ler e se leem fazem por obrigação. Isso pode acontecer por dois motivos: um seria a falta de exemplo dos pais ou dos professores; o outro, pela falta de interesse próprio, muitas vezes relacionado à inexistência de oportunidades que alguns indivíduos perpassaram ao longo de suas vidas. Nesse sentido, constatamos que os alunos da turma de Licenciatura Integrada se permitiram perceber e compartilhar a falha que existiu, devido a inúmeros motivos, para que sua própria formação enquanto leitores fosse de certa forma pouco ou nada desenvolvida durante sua vida. Partimos da ideia de que o autoconhecimento sobre suas trajetórias individuais os possibilitou refletir sobre as práticas necessárias para que seus futuros alunos possam ser estimulados à leitura, em especial a infantojuvenil. Como afirma Freire (1998, p. 34), todos nós sabemos alguma coisa. Todos nós ignoramos alguma coisa. Por isso, "aprendemos sempre". Tal aprendizado os permitirá agora, como docentes, aproximarem-se e se apropriarem da leitura literária para alfabetizar seus futuros alunos. Palavras-Chave: Literatura Infantojuvenil. Formação docente. Leitura literária. Alfabetização. Referências BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. Tradução de Paulo Bezerra. São Paulo: Martins Fontes, 2010. ________. Marxismo e filosofia da linguagem. 2. ed. São Paulo: Hucitec, 2006. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. 9. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1998. MACHADO, Ana Maria. Texturas sobre leituras e escritos. Coletânea de artigos. Campinas: Ed. Nova Fronteira, 2001. VIGOSTKY, L. S. Pensamento e linguagem. Rio de Janeiro: Martins Fontes, 2005. _________. A formação social da mente. Rio de Janeiro: Martins Fontes, 2007.