Diante do passar do tempo e das experiências vividas como professora das licenciaturas, na Universidade de Pernambuco-UPECampus Garanhuns, destaco um posicionamento de Josso (2004,p.81) quando a autora descreve as modalidades da compreensão da experiência afirmando que: "ter experiência é viver situações e conhecimentos durante a vida, que se tornaram significativos, mas sem tê-los provocados".Tal experiência, na concepção da autora, se concretiza quando unimos o ter e o fazer. O "ter" pelo viver situações que não provocamos e o "fazer" pelas situações que criamos. Esses dois aspectos trazem como resultado a experiência que vamos construindo ao longo de nossa formação, bem como as mudanças que estamos vivenciando diante da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que traz novo pensar sobre as licenciaturas. Diante do exposto, e, ao trabalhar a temática "prática de ensino no estágio supervisionado no processo de formação profissional do futuro professor", pude perceber o quanto os estágios contribuem para a formação do estudante, o qual testa sua preparação e, muitas vezes, vive seu primeiro contato como professor em uma sala de aula, na qual irá contextualizar seus conhecimentos.O trabalho apresentado traz discussões e reflexões sobre a prática pedagógica; - termo bastante amplo - dos estudantes de geografia no estágio supervisionado, cujo objetivo foi compreender a representação do estágio supervisionado no processo de formação desses estudantes, bem como refletir como ocorre seu processo de formação que, de acordo com Sarti(2012), discute o lugar que os professores ocupam nos movimentos atuais que buscam reinventar a formação docente. Participaram da pesquisa, alunos do 6º e 8º períodos da disciplina de estágio supervisionado II e IV respectivamente, entre homens e mulheres com média de idade de 25 anos. Segundo os estudantes, o estágio é o momento que se coloca em prática o vivido e o aprendido, ele representa o momento que se descobre o que é ser professor no concreto da escola e da sala de aula. É uma prática de aprendizagem por meio do exercício da função, é o momento da construção de conhecimentos advindos da formação, mas da desconstrução de uma formação pautada em modelos rígidos e descontextualizados da vida cotidiana nas escolas campo de estágio.Oliveira (2012), destaca o cotidiano como um espaço-tempo rico de criações de conhecimentos, reinvenções e ações, recusando assim a noção de cotidiano enquanto espaço-tempo de mesmice e repetição.Consoante à autora, percebe-se que se faz necessário inovar o ensino nas academias não apenas para atuar no estágio supervisionado, mas em toda formação desses estudantes.De acordo com Coltrinari(2004), é necessário ensinar a pensar interdisciplinarmente, a descrever adequadamente e que essa formação seja pautada no ensino, pesquisa e extensão. Assim, se constitui o formar e o formar-se desse processo educativo.Nesse percurso profissional, distribuindo estudantes em várias escolas do campo de estágio,coletando dados de observação desses estudantes, refazendo plano de aula junto ao coletivo - que não contemplam as identidades das escolas campo de estágio, onde seus valores não estão postos nesse contexto da prática a partir de discursos pré-construídos que repete e reforça sentidos historicamente fabricados sobre o que deve ser discutido, o que é e o que não é importante discutir - pude perceber as dificuldades desses futuros professores sobre o prescrito e o vivido, a partir das suas práticas de estágio,e percebi também, junto aos estudantes, a desconexão entre a academia que forma os professores para atuar no mercado de trabalho e as escolas, tornando essas duas instâncias impenetráveis, o que acaba por comprometer um projeto de educação de nação. Assim, é no estado do conhecimento que percebemos as lacunas nos vários contextos da educação que se quer e se constrói. Das considerações, percebe-se que as queixas, em parte, são justificáveis, junto às forças externas da educação que sobrepõem sobre as forças internas, mas o principal problema diz respeito à produção acadêmica,a notória e reincidente falta de relação orgânica entre a universidade e o mundo concreto das escolas e professores. Essa desconexão torna-se mais acentuada quando a universidade utiliza uma linguagem acadêmica distanciada do mundo de representações dos professores nas escolas campo de estágio e de suas práticas efetivas. Os estudantes, no retorno dos seus estágios, discutem sobre o que os professores e pesquisadores universitários estudam acerca das políticas educativas e debatem sobre tal problemática sobre as práticas da escola básica, mas não refletem sobre a prática universitária na formação dos futuros professores e o que eles vão vivenciar no seu campo de atuação profissional. Daí a necessidade de um maior número de acompanhamento nessa formação por meio de fortalecimento do ensino da graduação e do apoio à vivência de componentes curriculares. Assim, o presente trabalho busca discutir as principais características da formação do professor de geografia no contexto da licenciatura e as experiências da prática no estágio supervisionado, no entendimento de que a prática e a teoria são complementares e indissociáveis do fazer e pensar dos sujeitos nas escolas. Assim, considero que toda prática está em uma perspectiva teórica e, existe sempre uma recontextualização, reconfiguração no cotidiano por sujeitos praticantes pensantes. É, precisamente, sobre essas questões que se pauta a presente investigação, em que pretende contribuir para a formação dos futuros professores por meio da seguinte indagação.De que forma podemos formar bons professores de geografia nessa polissemia de saberes e poderes? Palavras-chave: formação de professores, ensino,estagio supervisionado Referências COLTRINI,Lylian, A pesquisa acadêmica, a pesquisa didática e a formação do professor de geografia. In: PONTUSCHKA, Nídia Nacib;OLIVEIRA, Ariovaldo Umbelino.(Orgs) Geografia em perspectiva: ensino e pesquisa.2ª Ed.São Paulo: Cortex,2004,p.115-118. JOSSO, Marie Christine. Experiência de vida e formação. São Paulo: Cortez.2004. OLIVEIRA, Inês. Currículo e pesquisa com os cotidianos: o caráter emancipatórios dos currículos pensadospraticados pelos pensantespraticantes dos cotidianos das escolas. In: FERRAÇO, Carlos Eduardo.; CARVALHO, Janete Magalhães. (Orgs.). Currículos, pesquisas, conhecimentos e produção de subjetividades. Petrópolis, RJ: DP et Alii; Vitória, ES: Nupec/UFES,2012, p.47 - 70. SARTI, Flávia. O triângulo da formação docente: seus jogadores e configuradores. Educação e pesquisa, São Paulo,v.38,n.2,p. 323-338,abr-jun.2012. Disponível em: .Acesso em: ago.2017.