Resumo O presente trabalho tem por objetivo relatar os desafios e limitações bem como as primeiras experiências realizadas no programa Residência Pedagógica na componente curricular Educação do Campo. O curso de Licenciatura em Educação do Campo da Universidade Tecnológica Federal do Paraná - campus Dois Vizinhos (UTFPR-DV), teve seu início no ano de 2011 com uma turma única que se formou em 2014. E ainda em 2014, com o advindo do PROCAMPO (Programa de Apoio à Formação Superior em Licenciatura em Educação do Campo) houve três entradas de educandos (2014, 2015 e 2016) e em 2017 o curso entrou em processo de extinção por motivos institucionais. De acordo com as regras do programa Residência Pedagógica foi possível a participação do curso. Outra característica que precisa ser pautada é que o curso de Licenciatura em Educação do Campo da UTFPR-DV, têm sua organização em alternância de tempos, denominados tempo Universidade (quando fazem as disciplinas do curso em tempo integral) e tempo comunidade (quando desenvolvem as atividades nas escolas campo do Residência), esta alternância dura 30 dias cada. Com relação os desafios enfrentados para que a participação ocorresse, a primeira foi a quantidade de educandos, pois, mesmo com 36 (trinta e seis) educandos houve dificuldades em fechar as 24 (vinte e quatro) vagas, por conta de haver uma turma de formandos e vários alunos que não tinham o coeficiente de rendimento e/ou período no sistema acadêmico compatível com o edital. Para que o número de residentes fosse completado, alguns alunos formandos se escreveram para cumprir as 440 horas em 8 (oito) meses. O segundo desafio foi a habilitação das escolas, a maneira como foi realizada fez com que apenas duas escolas fossem habilitadas para o subprojeto, ficando assim, 8 (oito) educandos em uma escola e 16 (dezesseis) na outra. O terceiro desafio foi o edital de preceptores que por conta da alta rotatividade de professores nas escolas do campo, em uma das escolas havia apenas uma professora habilitada e essa era de Língua Portuguesa, como o curso é interdisciplinar e a função do preceptor é organizar e supervisionar os educandos, decidiu-se pela participação desta professora. Na outra escola havia apenas dois professores habilitados, um de Geografia e um de Biologia, que também pela perspectiva interdisciplinar apresentavam condições de ingressar. Logo, a questão curricular disciplinar foi um desafio um tanto quanto de embate pedagógico dentro do programa. Para Morgado, 2011, "os desafios que hoje se colocam a nível curricular carecem de professores com capacidades de iniciativa e de decisão, não só em termos de gestão curricular, mas também no domínio da concepção e realização de projetos, do recurso a metodologias inovadoras e a estilos de ensino que permitam adequar os processos de ensino e aprendizagem às características, motivações e ritmos de aprendizagem dos alunos com que trabalham (p. 807-808)". Com relação às limitações pode-se citar as seguintes: escolas que poderiam terem sido habilitadas para o subprojeto e não foram contatadas ou foram habilitadas para outro subprojeto e/ou outra instituição; a logística para as educandos chegarem na escola, pois, não têm transporte que leva a comunidade destas; a quantidade de educandos numa mesma escola dificultando a organização. Mas, mesmo com tantos desafios e limitações o Programa de Residência Pedagógica iniciou e está em andamento nas duas escolas do campo habilitadas. Com a participação de educandos de diversos períodos do curso foram organizados 3 cronogramas de execução: 18 (dezoito) meses, 12 (doze) meses e 8 (oito) meses. Os educandos do cronograma de 18 meses fizeram até data desta texto apenas ambientação na escola campo. Os educandos de 12 meses fizeram ambientação, observação e coparticipação. E os educandos de 8 meses fizeram ambientação, observação, coparticipação e regências de classe. O grupo de educandos do cronograma de 8 meses, foram incorporados em diversas ações interdisciplinares na escola no horário normal das aulas e no contra turno. Na sequência será citado as atividades que nortearam as regências de classe desse grupo nesta primeira etapa de tempo comunidade: Pinturas naturais - extração de tintas por meio de elementos da natureza; Extração de DNA; Jogos na disciplina de Matemática; Fração por meio da produção de sabão; Experimentação de física; Fósseis; Preparação para o ENEM; Reforço para o 8ºano; Equação de 1º grau por meio do aplicativo QR CODE e Poemas na história da Matemática. De acordo com Gomes 2009, "mudanças são apresentadas à medida que a ação formativa pressupõe a recriação e a revisão contínuas do trabalho realizado, desestabilizando a maneira cotidiana de viver a condição docente, ao introduzir na escola determinadas estratégias inusitadas de vivência profissional: estudo coletivo, socialização, conhecimento entre os pares, reflexão sobre a prática (p.89)". Contudo, é possível considerar que os objetivos do Programa de Residência Pedagógica vêm sendo cumprido, porém, necessita de muitos ajustes nas questões burocráticas. Uma delas é a habilitação da escola pela universidade, pois, as secretarias estaduais desconhecem as realidades das Licenciaturas. Outro ponto que precisa ser revisto é os critérios de seleção de preceptores que precisa articular o contexto de escola do campo. E por fim, cabe destacar que foram inúmeras as contribuições que as primeiras atividades dos educandos promoveram na escola, das quais podemos destacar: motivação, interesse e aprendizagem significativa por meio de práticas que façam sentido aos alunos de uma escola do campo. Palavras-chave: Residência Pedagógica, Educação do Campo, Experiências. Referências GOMES, M. de O. Formação de Professores na Educação Infantil. São Paulo: Cortez, 2009. MORGADO, J. C. Identidade e profissionalidade docente: sentidos e (im)possibilidades. Ensaio: avaliação e políticas públicas em educação. Rio de Janeiro, v.19, n. 73, out/dez, 2011, p. 793-812.