O ESTÁGIO CURRICULAR COMO MEDIADOR NO DESENVOLVIMENTO DA GESTÃO DE SALA DE AULA NA EDUCAÇÃO INFANTIL Rozilda Pereira Barbosa /rozibarbosa@yahoo.com.br/ Universidade Estadual do Ceará Cláudia Rodrigues Machado de Medeiros / Universidade Estadual do Ceará Eixo Temático: (Processos de Ensino e aprendizagem - com ênfase na inovação tecnológica, metodológica e práticas docentes.) Resumo Este estudo, tem como foco o estágio curricular e o seu caráter mediador para a construção de competências ligadas a gestão de sala de aula na educação infantil, a escolha do tema deve-se a compreensão do estágio curricular como uma etapa importante, impulsionadora de saberes na formação docente, e articuladora da teoria e prática, e ainda o reconhecimento da gestão pedagógica de sala de aula como uma competência necessária ao fazer docente para a organização do trabalho pedagógico e o êxito dos processos de ensino e de aprendizagem. Posto ser a gestão de sala um conhecimento ligado ao saber da experiência geralmente os alunos dos cursos de formação docente e até mesmo professores em início de carreira apresentam insegurança quanto a gerir uma sala de aula, principalmente quando se trata da educação infantil, por considerar a especificidade desse nível de ensino. Neste prisma considera relevante compreender o estágio curricular e a gestão de sala de aula na educação infantil, assim apresenta como objetivo geral, identificar como o estágio curricular pode mediar o desenvolvimento de habilidades de gestão de sala durante a formação inicial dos docentes. A pesquisa encontra-se fundamentada nas bases teóricas de Pimenta e Lima (2004), Zabalza (2014), Libâneo (2013), Tardif (2010), de natureza qualitativa e sob o método bibliográfico, dedica-se inicialmente a compreensão dos fundamentos teóricos do estágio curricular, ciente de que são bases esclarecedoras do que é, quais os seus objetivos e como se manifesta na formação profissional, neste caso específico, na formação docente. Para maior esclarecimento da função e objetivos do estágio curricular recorre a legislação, deste modo realiza uma breve análise da Lei nº 11.788/2008 que dispõe sobre o estágio, visita as Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de pedagogia publicadas no diário oficial em 2006, e baseia-se ainda nos artigos da LDB/96 que disciplinam a formação docente para a educação infantil. Pimenta e Lima (2004), Zabalza (2014) identificam e analisam diferentes concepções e formas de organização do estágio curricular, rechaçam os modelos que dicotomisam teoria e prática e se juntam na defesa do mesmo como mediação de conhecimentos e articulação dos eixos citados. Nesta mesma linha de pensamento caminha Libâneo (2013), ao dissertar sobre os cursos de formação de professores assevera que os mesmos devem apresentar uma coerência teórico-metodológica, por intermédio da coordenação e articulação do conjunto de disciplinas que compõem o curso, o autor ainda explicita que a formação do profissional docente deve envolver as dimensões teórico-científica e técnico-prática. A Lei nº 11.788/2008 compreende o estágio curricular como uma atividade eminentemente educativa, o fato de ser desenvolvida no ambiente de trabalho não lhe rouba o caráter escolar, e não deve acontecer de modo solitário, fazendo-se necessário um supervisor; as Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de pedagogia propõem uma articulação entre os conhecimentos teóricos e práticos e estabelece que sejam destinadas ao estágio supervisionado 300 horas, as quais devem ser cumpridas prioritariamente na educação infantil e nos anos iniciais O cumprimento do Estágio Curricular está previsto como obrigatoriedade para a formação docente na LDB, que no artigo 61 ao tratar sobre os profissionais da educação apresenta no inciso II do Parágrafo Único a necessidade de associação entre teorias e práticas, mediante estágios supervisionados e capacitação em serviço e no artigo 65 destaca no mínimo 300 horas destinadas às práticas de ensino. Na especificidade da gestão de sala de aula discute-se que o professor precisa ter sensibilidade para construir relações com os seus diferentes alunos e com os seus colegas de profissão, nisto Zabalza (2014) apresenta o estágio curricular como um mediador de encontros, o que possibilita a construção de relações, fortalecimento da identidade docente e compreensão dos processos de gestão necessários à docência, entre eles a gestão das interações na sala de aula "Nesse sentido, a transmissão da matéria e a gestão das interações não constituem elementos entre outros do trabalho docente, mas o próprio cerne da profissão" (TARDIF, 2010. p. 219). O mesmo autor assegura que transmissão e gestão são funções sumamente importantes, por esta razão a escola organiza-se objetivando promover a convergência desses papéis consumados pelo professor, todavia, alerta que este é também responsável pela ordem na sala de aula. A partir do explicitado podemos ponderar que a gestão de sala de aula na educação infantil, pode apresentar-se na formação inicial, à primeira vista como um grande desafio, no entanto este desafio pode ser enfrentado no contexto de formação a partir da aproximação com a realidade do ambiente profissional, isto é, a escola, a sala de aula. Este enfrentamento deve se dar num primeiro momento ainda na formação inicial, por intermédio do estágio, que deve atuar como um mediador para a construção de bases sólidas de princípios e habilidades ligadas a gestão de sala de aula, estende-se à formação continuada no exercício da profissão, onde os princípios e habilidades semeados e regados durante o período de estágio, serão consumados, fortalecidos, reinventados, em um ciclo de aprendizagens e inacabamento. Palavras-chave: formação, gestão pedagógica, estágio curricular, mediação Referências BRASIL. Lei nº 11.788, de 25 de setembro de 2008. Disponível em: http://www.cvm.gov.br/export/sites/cvm/menu/acesso_informacao/servidores/estagios/3-LEGISLACAO-DE-ESTAGIO.pdf. Acesso em: jul/2018. _______. Resolução CNE/CP nº 1, de 15 de maio de 2006. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Pedagogia, licenciatura. Disponível em:http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/rcp01_06.pdf. Acesso em: jul/2018. _______. Lei nº 9.394/ 96. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira, de 20 de dezembro 1996 - 10. ed. Brasília, Edições Câmara, 2014. LIBÂNEO, José Carlos. Didátca. 2º Ed. SP: Cortez, 2013. PIMENTA, Selma Garrido; LIMA, Maria Socorro Lucena. Estágio e docência. SP: Cortez 2004. TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. 11º edição, Petrópolis, RJ: vozes: 2010. ZABALZA. Miguel Ángel. O estágio e as práticas em contextos profissionais na formação universitária. 1º ed. São Paulo: Cortez, 2014.