Este trabalho de investigação centrou-se na análise física e química de uma amostra de material invulgar recolhido no centro da Baía da Praia da Vitória, na ilha Terceira, Açores – Portugal, aquando de uma dragagem de areias aí realizada em 2009.Após a análise microscópica da amostra colocaram-se três hipóteses de investigação principais: a) a amostra ser um carvão vegetal muito antigo, associado a uma erupção da ilha, b) ser um hidrocarboneto pesado formado em condições extremas de pressão e temperatura, trazido de outro local do globo, e, c) ser um meteorito carbonoso.A análise da densidade da amostra não nos permitiu rejeitar qualquer hipótese de partida mas o facto da sua temperatura de combustão ser superior a 500ºC, levou-nos a abandonar a primeira hipótese.A amostra não reagiu com ácidos fortes ou fracos bem como com todas as substâncias inorgânicas (soluções aquosas de sais) testadas, todavia apresentou ligeira solubilidade em solutos orgânicos polares próticos e apróticos.Efetuou-se uma análise de absorção atómica de chama a algumas soluções da amostra e estranhamente, verificou-se que o álcool extrai muito mais cálcio e magnésio da amostra do que a solução de ácido concentrado. A proporção cálcio/magnésio encontrada na amostra é compatível com uma origem orgânica.Nada se conclui acerca da origem ou génese da amostra estudada, mas pode-se rejeitar com razoável certeza a hipótese interpretativa que apontava para um possível carvão mineral. A hipótese de se tratar de um meteorito, ainda não pode ser totalmente descartada. A hipótese de ser um hidrocarboneto pesado também não pode ser totalmente rejeitada, mas não é suficiente robusta para ser aceite de imediato, uma vez que tal hipótese não é compatível com uma explicação que assenta em condições de pressão e temperaturas elevadas que originaram diacleses, bem visíveis na amostra.