A PRESENTE COMUNICAÇÃO OBJETIVA DISCUTIR OS CAMINHOS TRILHADOS EM TORNO DA PESQUISA NO CAMPO DA HISTÓRIA DA SAÚDE E DAS DOENÇAS, COM VISTAS A TECER UMA NARRATIVA POSSÍVEL DE UMA HISTÓRIA DA SÍFILIS NA PARAÍBA TEMPORALMENTE SITUADA NAS PRIMEIRAS DÉCADAS DO SÉCULO XX, MAIS PRECISAMENTE ENTRE 1921 E 1940. A INTERAÇÃO ENTRE AS CIÊNCIAS HUMANAS, SOCIAIS E BIOMÉDICAS TORNOU POSSÍVEL ESTUDAR O PROCESSO SAÚDE-DOENÇA NÃO APENAS COMO UM PROBLEMA EM SI, SENÃO COMO UM ELEMENTO QUE PERMITE ANALISAR AS RELAÇÕES SOCIAIS E DE PODER, BEM COMO OS SENTIDOS E SIGNIFICADOS CULTURAIS, OS VALORES SOCIAIS E PRÁTICAS INSTITUCIONAIS DE GRUPOS EM UMA DETERMINADA SOCIEDADE DIANTE DO ACONTECIMENTO MÓRBIDO. NESTE SENTIDO, PRETENDE-SE ENFOCAR COMO A SÍFILIS, INFECÇÃO SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEL CAUSADA PELA BACTÉRIA TREPONEMA PALLIDUM, MOBILIZOU UMA PRODUÇÃO DISCURSIVA E PRÁTICAS SANITÁRIAS VISANDO O SEU COMBATE NA PARAÍBA, EM QUE A DOENÇA APARECIA COMO UMA “ASSASSINA IMPLACÁVEL” PREOCUPANDO MÉDICOS PARAIBANOS PRETENSAMENTE “SENSIBILIZADOS” COM A FORMAÇÃO DE UMA POPULAÇÃO HIGIÊNICA E SAUDÁVEL. ALÉM DO DISCURSO CIENTÍFICO, O CARÁTER MORAL ATRIBUÍDO A DOENÇA E, CONSEQUENTEMENTE, AO DOENTE, CONSIDERAVA A SÍFILIS COMO A “DESGRAÇA INEVITÁVEL DA PROSTITUIÇÃO”, POR ISSO MESMO UMA ENFERMIDADE TIDA COMO “SECRETA” E POTENCIALMENTE PREJUDICIAL PARA O CASAMENTO E A FAMÍLIA. CONCLUI-SE QUE PENSAR CRITICAMENTE PRÁTICAS DE ASSISTÊNCIA MÉDICA, QUE SOB A POSTERGADA PROMESSA DE GARANTIA DO BEM-ESTAR POR VEZES SE ADOTAM PRÁTICAS VIOLENTAS E INVASIVAS QUE REFORÇAM A SUJEIÇÃO DE CORPOS, TRANSFORMANDO ESSE OUTRO – O DOENTE – QUE RECLAMA O DIREITO DE SER ASSISTIDO EM MERO OBJETO, UMA “COISA” DESPROVIDA DE SENSIBILIDADE.