DETENTORA DE UMA POESIA COM GRANDE ENVERGADURA LÍRICA, MYRIAM FRAGA ATUALIZA VOZES DO PASSADO A PARTIR DA ENCENAÇÃO E DRAMATIZAÇÃO DO SUJEITO LÍRICO, COMO TENTATIVA DE DESENCAVAR O MUNDO QUE SE ENCONTRA POR DETRÁS DAS APARÊNCIAS, CONTESTANDO, PORTANTO, AS FALSAS HIERARQUIAS DOS JOGOS DE PODER ARBITRÁRIO NO USO DA LINGUAGEM. AO MESMO TEMPO EM QUE A POETA REFAZ O PERCURSO DA COSMOGONIA, ATRAVESSANDO AS ERAS COMO TENTATIVA DE RESGATAR UM CONHECIMENTO QUE FICOU PERDIDO, ADENTRA-SE NA SALA DOS MUSEUS COMO TENTATIVA DE CONSOLIDAR ALGUMA COMPREENSÃO SOBRE O PASSADO (HISTÓRICO), JÁ ESQUECIDO. SE EXISTE UM ELEMENTO QUE APROXIME, DE IMEDIATO, O MITO DA HISTÓRIA, ESTE É A NARRAÇÃO. EVIDENTEMENTE, AS ESPECIFICIDADES DE UM E DE OUTRO, QUANDO TRATAMOS DA LITERATURA, TEM OUTRAS IMPLICAÇÕES, COMEÇANDO PELA INTERROGAÇÃO DE COMO A LITERÁRIA CONSEGUE APODERAR-SE DA NARRAÇÃO MÍTICA OU IR AO SEU ENCONTRO, E ATÉ MESMO TRANSFORMÁ-LA. LEMBREMOS QUE UM POEMA, NA SUA FORMA MAIS PRIMITIVA, LIDA COM IMAGENS ORGANIZADAS, CONSTITUINDO-SE UMA COMPREENSÃO QUE DESLOCA OS SENTIDOS CRISTALIZADOS DE SUA MATRIZ ORIGINAL, CASO DA PRODUÇÃO LITERÁRIA DE MYRIAM FRAGA. NESTE TRABALHO, RESSALTAREMOS ALGUMAS IMPLICAÇÕES ACERCA DA LEITURA DO MITO - IMAGENS DE PENÉLOPE, SALOMÉ E JUDITE, BEM COMO AS ENCONTRADAS NOS REGISTROS HISTÓRICOS, NAS SALAS DOS MUSEUS, ATRAVÉS DE UMA IMENSA ICONOGRAFIA. SEJA ATRAVÉS DE UMA CONTRADISCURSO, ATRAVÉS DO QUAL A AUTORA QUESTIONA OS LUGARES REPRESENTACIONAIS OCUPADOS PELAS PERSONAGENS FEMININAS, ORIUNDAS DAS NARRATIVAS MÍTICAS OU MESMO AS QUE SE ENCONTRAM NOS REGISTROS HISTÓRICOS, TAMBÉM DE UMA FARTA ICONOGRAFIA (DEVEMOS OBSERVAR CERTO IMAGINÁRIO MISÓGINO), NA POESIA DA AUTORA BAIANA É CRIADO UM ESPAÇO DE CONTESTAÇÃO DA ORDEM VIGENTE A PARTIR DA QUAL TAIS IMAGENS FORAM CRISTALIZADAS, REPRODUZIDAS E CUJOS VALORES CULTURAIS AINDA REPERCUTEM SOCIALMENTE. PARA TAL ESTUDO FORAM MOBILIZADAS AS LEITURAS DE ALGUNS AUTORES QUE TRATAM DO MITO (MIRCEA ELIADE, JEAN PIERRE VERNANT, ANDREAS HUYSSEN, ENTRE OUTROS), MEMÓRIA (JAQUES LE GOFF, ALEIDA ASMMANN, PIERRE NORA, ENTRE OUTROS) E HISTÓRIA, COMO CATEGORIAS INTERCAMBIÁVEIS, TAMBÉM DO DISCURSO – CONTRADISCURSO, DE QUESTÕES DE GÊNERO (MARIA L. R. COUTINHO, PARA A COMPREENSÃO DAS IMAGENS DE MULHER, BEM COMO AS IMPLICAÇÕES EM TORNO DOS DESLOCAMENTOS OBSERVADOS.