Este trabalho objetiva descrever as experiências de intervenção vivenciadas no Estágio Supervisionado VI, durante uma pesquisa sobre a história, a cultura e identidade negra trabalhados pedagogicamente em sala de aula, com duas turmas do 4º ano do Ensino Fundamental I de uma Escola pública de Campina Grande - PB. Para o universo que assume este texto, optamos por relato de experiências. Em princípio, o trabalho da pesquisa tinha como base analisar como a docente trabalhava a questão negra em sala de aula. Mas, ao entrar em contato com a docente, a mesma convidou-me para lecionar durante a semana da consciência negra, em novembro de 2013 e o mesmo ocorreu no dia 13 de maio de 2014, datas fundamentais para a conscientização negra. A partir deste convite de intervenção surgiram às indagações, estudos, planejamentos e elaboração de planos de aulas com conteúdos referentes a história, a cultura e a identidade negra. Ressaltando que as reflexões e debates realizados em sala de aula tinha como objetivos: levar os alunos a valorizar e respeitar a cultura, a história, as lutas e as vitorias que o povo negro viveu e deixou como herança para o povo brasileiro; situar a África no mundo e desmistifica-lá como país e continente amplamente pobre; por fim, se auto-identificarem em relação ao grupo étnico-racial. O aporte teórico para a realização desse estudo buscou apoio teórico Freire (1996), Munanga (2000), Cavalleiro (2001) e Brasil (2003). A metodologia utilizada em nossa pesquisa foi de natureza qualitativa. Os procedimentos metodológicos utilizados foram a pesquisa bibliográfica, a intervenção em sala de aula, com observação participante, e registro em diário de campo, com aplicação de questionário, elaboração e execução de planos de aula, que envolveram vários tipos de atividades interativas com os alunos e conversas informais. Os resultados apontam que as turmas A e B não tinham conhecimento amplo sobre o continente africano, ou seja, sempre associavam conceitos estereotipados em relação ao continente africano, pois as palavras mais em destaque foram: pobre, crianças negras, matos, macumba, floresta, animais e a capoeira. Outro ponto a ser destacado está relacionado a identidade racial, pois ao pedir aos alunos para se auto declararem, em relação à cor, étnico-racial (branco, pardo, indígena, amarelo, negro e não declarado), constatamos que houve uma negação da identidade negra. Conclui-se que diante dos diálogos, debates e atividades realizadas com as turmas A e B, detectamos que os alunos possuem conhecimentos estereotipados em relação a questão negra. Assim, a falta de conhecimento sobre a temática resulta na perpetuação do preconceito, da discriminação, da negação de identidade e do racismo. Freire (1996) reforça que o aluno ao chegar à escola levando uma cultura que não é melhor nem pior do que a do professor. Em sala de aula, os dois lados aprenderão juntos, um com o outro e para isso é necessário que as relações sejam afetivas, dialogadas, sensíveis e democráticas, garantindo a todos varias possibilidades de se expressar.