O objetivo que direciona este estudo é discutir as contribuições da psicologia histórico-cultural no entendimento teórico e metodológico do processo de ensino e aprendizagem. O estudo parte da premissa de que as dificuldades de aprendizagem dos alunos, atualmente foco de debate e discussões políticas e educacionais em nosso país, devam ser discutidas também a partir de repertórios teóricos e conceituais que se alinhem as discussões de entendimento do processo de ensino e de aprendizagem a partir das realidades materiais e históricas vivenciadas. Busca-se deflagrar um entendimento de que além das caracterizações organicistas ou ambientalistas, a complexidade de fatores que imbricam nas “dificuldades de ensinagem” são ainda pouco exploradas ou até desconsideradas pelos profissionais da educação, e que impactam sobremaneira no processo de escolarização, principalmente das escolas públicas no país. Dessa maneira, um dos desafios para a constituição de uma ação docente humanizadora vincula-se à compreensão efetiva do processo de apropriação histórica e cultural, o que exige que o docente assuma uma condição de mediação que qualifique o processo de ensino e de aprendizagem nas escolas, desprendendo-se dos limites das necessidades biológicas, intelectuais ou sociais dos alunos, e se confrontem com as necessidades e os motivos pré-existentes nessa relação com a compreensão do desenvolvimento pleno do indivíduo e da função basilar da escola. Portanto, defende-se por meio dessa pesquisa que ao invés de ocorrer, em sua maioria, as “dificuldades de aprendizagens” ocorram as dificuldades de necessidades de aprendizagem.