Este estudo tem por objetivo reflexionar acerca da busca pela não abjetificação do corpo com deficiência. Tendo por base o discurso como prática social, concepção da Análise Crítica do Discurso (ACD), entendemos o discurso como um meio de revelar as injustiças sociais entranhadas nos enunciados, visando a desentranhar os abusos de poder, de modo a conceder lugar de fala às minorias. Há uma relação bastante estreita entre corpo e discurso, basta pensarmos no valor que um discurso tem, a depender do corpo que o profere. Nesse sentido, ancorando-nos na ACD e nos estudos Queer, assim como na teoria Crip, buscaremos analisar discursos de pessoas com deficiência, que buscam a não abjetificação de seus corpos. Estudos assim se tornam necessários à medida que dão visibilidade a pessoas cuja existência está condicionada a um mundo que não é para PCDs. Ele é formulado para que pessoas com deficiência (PCDs) não existam. Para que se escondam e se refugiem nos cômodos de suas casas. A psicanálise explica que a alteridade é vivida pelo outro como uma ameaça, dessa forma, a deficiência visível no outro é abjeta a mim, porque em algum canto remoto da minha personalidade me vejo deficiente. Entendemos por corpo abjeto, aquele corpo que não importa num sentido político, corpo que não se encontra em pé de igualdade ao que se entende como "normal". A teoria Crip se concentra no binário capacitado/não capacitado, analisando a performance desses corpos como uma questão política. De modo geral, ser Crip é uma tomada de posição a favor da inclusão e contra aqueles que se julgam capacitados, em detrimento daqueles que socialmente são descritos como não capacitados.