A utilização de medicamentos é a forma de intervenção em saúde mais utilizada, capaz de tratar doenças elevando assim, a expectativa de vida. Mas, o seu uso irracional pode acarretar problemas relacionados a medicamentos (PRMs), que podem ter consequências sérias para o indivíduo e para a comunidade. Há populações mais vulneráveis a sofrer com estes problemas como crianças, pois, não apresentam maturidade fisiológica, assim, as consequências serão mais pronunciadas. Entre estes PRMs estão as interações medicamentosas que podem ser consideradas leves, moderadas e graves, sendo esta última a de maior relevância podendo ser fatais ou causar danos permanentes ao paciente. Diante disto, percebeu-se a importância de avaliar interações medicamentosas em uma Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) de um hospital Infantil paraibano. Objetivou-se relatar o perfil de crianças internadas, quais os medicamentos envolvidos nas interações, a magnitude destas, suas consequências, e obter a relação entre o tempo de internação hospitalar e a gravidade da interação. Trata-se de um estudo observacional com caráter longitudinal, retrospectivo e quantitativo, onde se analisou 21 prescrições de 7 pacientes internados na UTIP, estas foram referentes ao 1°, 3º e 5º Dia de Internação Hospitalar (DIH), a coleta e análise de dados foi realizada durante 30 dias. As interações foram analisadas per sites como Medscape e Drug Interaction Report, além de livros e artigos. Os dados obtidos foram tabulados em planilhas eletrônicas para melhor interpretação. Foi observado que 71,4% dos pacientes eram do sexo masculino e 28,6% do feminino, com uma predominância da faixa etária de 0 a 3 anos (57,1%). 76,2% das prescrições apresentaram interações medicamentosas e 23,8% não apresentaram. Foram prescritos 24 medicamentos diferentes sendo os mais envolvidos em interações os barbitúricos e diuréticos. Detectou-se a ocorrência 42 interações medicamentosas em 16 das 21 prescrições. A interação mais frequente foi ceftriaxona + furosemida. As interações leves, moderadas e graves corresponderam a 12,2%, 75,6% e 12,2%, respectivamente. As classes medicamentosas mais presentes em interações graves foram, diuréticos, barbitúricos, benzodiazepínicos, antibióticos aminoglicosídios e glicopeptídios. Foi verificado aumento no percentual de interações graves observando resultados do 1º e 5º DIH, e que este fato pode está relacionado com o número de medicamentos prescritos. Com isso, pode-se concluir que a prescrição racional de medicamentos em UTIP é de grande importância, uma vez que a população pediátrica é susceptível a sofrer com PRMs, que podem colocar em risco sua saúde podendo até ser fatais. A adoção de farmácia clínica é uma alternativa eficaz para minimizar as chances de ocorrência das interações, reduzindo a probabilidade de complicações na saúde dos pacientes além de reduzir gastos com o internamento prolongado e tratamento de quadros desencadeados por estas interações.