Objetiva-se aqui relatar a experiência de capacitação docente desenvolvida em um curso de aperfeiçoamento realizado no período de 2014 a 2015 sob a coordenação de professores da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM). O processo de formação buscou qualificar a abordagem sobre a cultura indígena nas escolas, conforme determinação da Lei 11.645/2008 e também debater sobre a implementação de ambientes digitais nas comunidades indígenas, numa perspectiva de emancipação que enfatiza, sobretudo, a interação ativa do sujeito com as mídias digitais como consumidor e como produtor de seus conteúdos e processos. O curso – preconizado pela Rede Nacional de Formação Continuada dos Profissionais do Magistério da Educação Básica Pública (RENAFORM) – buscou, por um lado, oferecer um repertório conceitual e teórico que possibilitasse o desenvolvimento de uma educação intercultural nas escolas e, por outro lado, contribuir para a construção de uma cultura profissional para atuar na contramão dos paradigmas vigentes na sociedade atual: do individualismo e competição para o coletivo e a cooperação; da rigidez para a flexibilidade; do foco no indivíduo e na instituição para o foco no trabalho colaborativo em equipe. Não se tratou, portanto, de oferecer um curso de “capacitação” sobre as culturas e história dos povos indígenas, mas de realizar um processo de formação pautado nos pressupostos teóricos e metodológicos da pedagogia freireana que preconiza a dimensão dialógica e processual da formação docente. O processo formativo foi operacionalizado por meio de 3 (três) tipos de atividades articuladas: 1) curso de aperfeiçoamento com aulas presenciais e a distância; 2) seminários temáticos com a participação de representantes indígenas de diversas etnias; 3) viagens programadas para realização de visitas a museus e comunidades indígenas. A experiência evidenciou a potencialidade das ações de formação continuada para o desenvolvimento de uma educação intercultural e demonstrou, por sua vez, que ainda são muitos os desafios a serem enfrentados para efetividade dos processos de inclusão digital no Brasil.