Esta pesquisa visa identificar o padrão construcional das microconstruções com verbo ir e, assim, descrever as motivações formais (fonético-fonológico e morfossintático) e funcionais (discursivo-pragmáticas e semânticas) implicadas em seu uso. Para isso, utilizamos, como referencial teórico, a Linguística Funcional Centrada no Uso - LFCU (FURTADO DA CUNHA, 2016; MARTELLOTA, ALONSO, 2012;) e a Gramática de Construções (CROFT, 2001; BYBEE, 2010; GOLDBERG, 1995; TRAUGOTT, TROUSDALE, 2013) e, como dados de análise, os Corpora Orais de Vitória da Conquista, constituídos pelo Grupo de Pesquisa em Linguística Histórica e em (Sócio) Funcionalismo. Alicerçados, então, nessa teoria, conjecturamos que, por motivações cognitivas e discursivo-pragmáticas, as construções com ir operam em diferentes funções para cada contexto específico. O resultado deste trabalho evidenciou uma alta produtividade do padrão construcional V1 + X, com um número elevado de tokens e diferentes types, em formas [- abstratas] e [+ abstratas]. Verificamos que unidades processadas em conjunto na mente do falante levam os componentes a formarem um chunk, como em [...]você vai tê que pagá pra repeti a matéria. Isso nos revela que, nesses contextos, o ir não pode ser visto com item sintaticamente autônomo. Com isso, podemos afirmar que o ir, com seu termo adjacente, compõe um par forma-função, afetando não apenas o nível da oração, mas todo conjunto informacional, estabelecendo vínculos semântico e discursivo-pragmático entre os elementos da sentença. Diante da coexistência de usos com ir em diferentes contextos, como emprego em expressões de futuridade, acreditamos que esta pesquisa possa contribuir com o processo de ensino-aprendizagem, principalmente, no que se refere ao tempo verbal futuro.