Artigo Anais do XVI Encontro Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Geografia

ANAIS de Evento

ISSN: 2175-8875

A CATEGORIA TOTALIDADE NO MÉTODO MATERIALISTA HISTÓRICO DIALÉTICO E SUA RELEVÂNCIA PARA A PESQUISA EM GEOGRAFIA

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Entendemos que a categoria de totalidade tem especial importância para a Geografia porque, apesar da tendência das ciências modernas em trabalhar com objetos de pesquisas extraídos e isolados dos contextos de onde emergem, nossas pesquisas buscam investigar a relação do objeto com seu entorno espacial, considerando, assim, em geral, um recorte complexo da realidade. METODOLOGIA Para tratar dessa temática, nos baseamos no volume 1 da obra “Ideologia Alemã” de Karl Marx e Friederich Engels, “Crítica da mais recente filosofia em seus representantes Feuerbach, B. Bauer e Stirner”; no capítulo de introdução da obra “Grundrisse”; e, na “Introdução à Contribuição da Crítica da Economia política”, de Mar. Além dessas obras centrais, também será utilizado a obra “Prolegômenos da ontologia do ser social” e “Introdução ao método de Marx” de José Paulo Netto. O uso dessas obras objetivará extrair o significado da concepção materialista histórica e dialética como método e concepção de mundo. RESULTADOS E DISCUSSÃO O primeiro passo para revisitarmos os fundamentos do materialismo histórico dialético é recordarmos o sistema hegeliano e sua defesa de que a natureza e os limites do mundo que conhecemos seriam expressão do Espírito Absoluto. A história humana seria o processo dialético pelo qual essa força espiritual se move em busca de sua realização e autoconsciência. Marx criticou a filosofia hegeliana, bem como os jovens hegelianos, defendendo que “não é a consciência que determina a vida, mas a vida que determina a consciência” (MARX, 2007, p.), ou seja, é a partir da realidade material que os seres humanos desenvolvam suas ideias, formas de pensar, opiniões. As ideias por si só, sem as condições materiais e o resultado do trabalho humano, não são capazes de mudar o mundo. Essa crítica traz consigo uma implicação direta para o trabalho científico. É preciso que o pesquisador compreenda seu objeto de pesquisa como algo que exista, de fato, no mundo real, e não apenas em sua imaginação. É importante que o objeto exista independentemente da existência do pesquisador (NETTO, 2011, p. 55), sendo este um pressuposto importante para qualquer análise que tenha como base metodológica o materialismo histórico dialético. Outro aspecto relevante do método é o emprego da lógica dialética no processo de análise do objeto. Para Marx, ao iniciarmos a investigação de um objeto, devemos iniciar pelo concreto para, a partir do objeto real sermos capazes de reproduzi-lo idealmente, para em seguida retornar ao objeto material. Quando analisamos o objeto pela primeira vez, não conseguimos compreendê-lo em sua complexidade, por isso é preciso abstraí-lo e a partir da análise extrair dele conceitos e determinações. 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Daí teria de dar início à viagem de retorno até que finalmente chegasse de novo à população, mas desta vez não como a representação caótica de um todo, mas com uma rica totalidade de muitas determinações e relações.” (MARX, 2016, p. 54) Entretanto, ao proceder à abstração do objeto para reproduzi-lo mentalmente, é fundamental que o pesquisador mantenha a consciência epistemológica de que tal objeto constitui parte integrante de uma totalidade concreta. Como adverte Marx (2016, p. 55) nos Grundrisse: O todo como um todo de pensamentos, tal como aparece na cabeça, é um produto da cabeça pensante que se apropria do mundo do único modo que lhe é possível [...]. O sujeito real, como antes, continua a existir em sua autonomia fora da cabeça; isso, claro, enquanto a cabeça se comportar apenas especulativamente, apenas teoricamente. Por isso, também no método teórico, o sujeito, a sociedade, tem de estar continuamente presente como pressuposto da representação. A totalidade concreta, por sua vez, não se trata de uma totalidade homogênea ou de “partes funcionalmente integradas” (NETTO, 2011, p. 56). Como nos explica Netto (2011), a totalidade concreta é complexa, formada por totalidades menores e mais simples, com diferentes níveis de complexidade e que mantêm relações de tensões entre si. CONSIDERAÇÕES FINAIS Essa concepção de totalidade, como um conjunto de totalidades em contradição entre si, mostra-se bastante relevante com a pesquisa geográfica que tradicionalmente buscou entender a totalidade dos fenômenos, sejam eles naturais, como em Humboldt, sociais, como em Ritter, ainda que de forma idealista. Contemporaneamente, considerando a complexidade dos fenômenos e seus efeitos globais, como poluição, violência, mercado financeiro, revisitar as bases do materialismo histórico dialético é um esforço de pesquisa importante, tanto para entender os atuais referenciais teóricos utilizados pelos geógrafos, como para compreender o processo de transformação da ciência geográfica ao longo do tempo. Palavras-chave: Materialismo Histórico Dialético; Método; Geografia; Totalidade. REFERÊNCIAS NETTO, José Paulo. Introdução ao método de Marx. 1. ed. São Paulo: Expressão Popular, 2011. MARX, Karl. Grundrisse: manuscritos econômicos de 1857-1858 [esboços da crítica da economia política]. Tradução de Mario Duayer et al. 2. ed. São Paulo: Boitempo, 2016. MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. A ideologia alemã. 2. ed. São Paulo: Boitempo, 2007."
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É preciso que o pesquisador compreenda seu objeto de pesquisa como algo que exista, de fato, no mundo real, e não apenas em sua imaginação. É importante que o objeto exista independentemente da existência do pesquisador (NETTO, 2011, p. 55), sendo este um pressuposto importante para qualquer análise que tenha como base metodológica o materialismo histórico dialético. Outro aspecto relevante do método é o emprego da lógica dialética no processo de análise do objeto. Para Marx, ao iniciarmos a investigação de um objeto, devemos iniciar pelo concreto para, a partir do objeto real sermos capazes de reproduzi-lo idealmente, para em seguida retornar ao objeto material. Quando analisamos o objeto pela primeira vez, não conseguimos compreendê-lo em sua complexidade, por isso é preciso abstraí-lo e a partir da análise extrair dele conceitos e determinações. 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Publicado em 28 de novembro de 2025

Resumo

INTRODUÇÃO Este trabalho tem por objetivo revisitar os fundamentos do método materialista histórico dialético, com destaque para a categoria de totalidade, como uma forma de resgatar a concepção de mundo na qual este método se baseia e suas implicações práticas para a pesquisa acadêmica. Quando falamos em “implicações práticas”, não nos referimos à metodologia adotada pelo pesquisador, uma vez que Marx não definiu uma metodologia de trabalho específica associado ao materialismo histórico dialético, mas sim uma posição do sujeito que pesquisa em relação ao objeto. Em relação aos fundamentos que buscaremos discutir no artigo proposto estão a posição materialista de concepção de mundo, a lógica dialética materialista e a totalidade do real. 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RESULTADOS E DISCUSSÃO O primeiro passo para revisitarmos os fundamentos do materialismo histórico dialético é recordarmos o sistema hegeliano e sua defesa de que a natureza e os limites do mundo que conhecemos seriam expressão do Espírito Absoluto. A história humana seria o processo dialético pelo qual essa força espiritual se move em busca de sua realização e autoconsciência. Marx criticou a filosofia hegeliana, bem como os jovens hegelianos, defendendo que “não é a consciência que determina a vida, mas a vida que determina a consciência” (MARX, 2007, p.), ou seja, é a partir da realidade material que os seres humanos desenvolvam suas ideias, formas de pensar, opiniões. As ideias por si só, sem as condições materiais e o resultado do trabalho humano, não são capazes de mudar o mundo. Essa crítica traz consigo uma implicação direta para o trabalho científico. 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