Pretende-se a partir desta revisão narrativa de literatura, trazer reflexões e contribuições para se pensar o ensino da Filosofia e das relações étnico-raciais no Ensino Médio. O nosso desafio, em consonância, com as Leis 10.639/03 e 11.645/08 é trazer perspectivas que nos permitam decolonizar olhares, corpos, memórias, e sobretudo, saberes. Tratar os conhecimentos e práticas não hegemônicos a partir de um olhar folclórico, ou como datas pontuais no calendário escolar, é sinônimo de contar a nossa história de uma maneira injusta, parcializada, que compactua com o projeto colonial de epistemicídio dos saberes não-brancos. A filosofia enquanto disciplina centrada na tradição epistêmica europeia, necessita buscar meios para superar as injustiças cognitivas fruto dos efeitos desse projeto colonial. Pensando nisso, neste escrito serão apresentados possibilidades para a construção de um ensino de Filosofia crítico do eurocentrismo, e constituído por referenciais das Epistemologias do Sul. Em busca de uma educação das relações étnico-raciais comprometida com a alteridade, esbarramos constantemente na construção do currículo escolar, que ainda se presentifica a partir da colonialidade do saber, do ser e do poder, onde a produção de conhecimento é entendida a partir de um referencial que subalterniza os saberes de povos colonizados, e reduz as humanidades ao projeto iluminista-moderno de racionalidade. As proposições levantadas e as questões problematizadas neste escrito indicam que descolonizar a Filosofia é um centro de reconstrução necessário para a democratização dos saberes, dos seres e dos espaços que coabitamos, já que a filosofia é entendida como fio condutor na construção dos demais conhecimentos e práticas epistêmicas.