Artigo Anais do XVI Encontro Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Geografia

ANAIS de Evento

ISSN: 2175-8875

RECORTE TEMPORAL DE GOIÁS RURAL ENTRE AS DÉCADAS DE 1940 E 1950, NO CONTO “A ENXADA”, DE BERNARDO ÉLIS

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As discussões apontam para uma narrativa engajada que, ao explorar a figura da enxada como símbolo ambivalente — ora instrumento de sobrevivência, ora signo de opressão —, revela as tensões do espaço rural. Os resultados indicam que Bernardo Élis propõe uma visão crítica e sensível do homem rural, situando seu conto entre os esforços literários de denúncia das desigualdades. Conclui-se que A enxada ultrapassa os limites do regionalismo temático ao articular forma literária e denúncia social, oferecendo uma leitura do Goiás rural em processo de transformação. METODOLOGIA A pesquisa desenvolvida insere-se no campo da crítica literária, adotando uma abordagem qualitativa de caráter interpretativo. A análise do conto A enxada, de Bernardo Élis, é realizada a partir de um referencial teórico-metodológico interdisciplinar, que articula elementos da teoria literária com contribuições dos estudos sobre a intersecção entre a literatura e a geografia. 1Este resumo expandido é resultado de pesquisa de Doutorado, pela Universidade Federal de Jataí-GO. Como procedimentos metodológicos, foi empregada a leitura analítico-interpretativa do conto A enxada, de Bernardo Élis. A pesquisa se apoia em autores como Bernardo Élis, Júlio César Pereira Borges, Alfredo Bosi, José Mendes, Marco Mitidiero, entre outros. A coleta de dados compreendeu a consulta a fontes primárias e secundárias: além do próprio conto de Bernardo Élis, foram analisadas crônicas, entrevistas e ensaios do autor que iluminam seu posicionamento intelectual e seu vínculo com a realidade goiana. 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O conto, que sugere esse período, relata que Piano deveria plantar uma roça de arroz até o dia de Santa Luzia, data importante no calendário do camponês. A partir desse momento começou seu pesadelo, pois Piano passou a ser perseguido pelo fazendeiro Elpídio Chaveiro. Piano lutou pela vida, pela liberdade e pela enxada. Piano não tinha enxada e o fazendeiro Elpídio Chaveiro o impedia de ter. Negava-lhe a enxada e impedia que outras pessoas lhe vendessem ou emprestassem. Sob pressões, torturas e ameaças, saiu de madrugada com sono debaixo da chuva de Santa Luzia. Findado o prazo dado pelo fazendeiro Elpídio Chaveiro, tendo que plantar a roça de arroz sem enxada, Piano começou a delirar. Viu seu corpo transformar-se em enxada. Ajoelhou-se no solo, mergulhou as mãos na terra molhada pela chuva. Os dedos de Piano penetravam a terra como se debulhassem as teclas de um piano. Suas mãos cavavam o solo com sangue, suor e lágrimas. Sabia que morreria, não por causa da roça de arroz, mas pela ganância, pela injustiça e pela violência estimulada pela transformação da terra em mercadoria. Piano é a representação de um tempo e de uma paisagem formada por coronéis. Viveu dramaticamente o sofrimento da luta para conseguir uma enxada. Esta, a luta de Piano, é a luta de muitos trabalhadores rurais no Brasil, em especial o sertanejo goiano, no período marcado pelo coronelismo, como tratado no conto; luta por dignidade e condições adequadas para se trabalhar. No conto, Bernardo Élis descreve a paisagem rural de Goiás entre as décadas de 1940 a 1950 como um cenário marcado pela brutalidade do latifúndio, pela concentração de terras nas mãos de coronéis e pela invisibilidade da luta do trabalhador rural. Os coronéis detinham o controle da terra e da vida dos camponeses. No período retratado no conto “A enxada”, a terra em Goiás era o palco de opressão que se alimentava da desigualdade. O latifúndio é a estrutura fundamental dessa paisagem. As mãos dos trabalhadores eram esmagadas pela força da opressão, assim como as mãos de Piano, relatadas na obra, foram dilaceradas ao cavar o solo, misturando terra, carne, osso e sangue. Os coronéis eram detentores de vastas áreas de terra impondo um sistema de relações patrimoniais que eram a continuação das práticas coloniais. A escravidão, embora oficialmente extinta, continuava e continua (em alguns casos) a se manifestar nas relações de trabalho no espaço rural. A morte de Piano é similar à morte de sem-terras e indígenas mortos pelo Brasil. Essa violência é parte de uma estrutura sistêmica que privilegia a concentração de terra, a exploração econômica e o silenciamento de vozes mais vulneráveis. Nesse mesmo período retratado no conto, as condições de vida de muitos trabalhadores rurais em Goiás eram desumanas, como foi a trajetória de Piano. As mãos tocavam a terra como se toca o piano, no desespero pela enxada que lhe foi negada como lhe foi negada a dignidade. Piano sentia fome, não tinha o que comer, o seu estômago roncava e sua pele suava enquanto era espancado pelos soldados de Elpídio Chaveiro. O ciclo de exploração era mantido pela violência simbólica e direta: o trabalhador devia obediência ao coronel, cuja palavra era a lei. Piano é a representação de muitos trabalhadores rurais nesse período conhecido como o tempo do coronelismo. O medo de represálias, o temor de ser expulso de uma terra que não era sua fazia com que os camponeses e sertanejos vivessem uma constante submissão ao latifúndio em condições de trabalho precárias. No conto “A enxada”, a relação entre o homem, a terra e a luta se desdobram em uma trama densa e simbólica que reflete aspectos essenciais da condição humana. Nessa narrativa, o protagonista é confrontado com a difícil tarefa de trabalhar na terra sem seu instrumento de trabalho, para plantar a roça de seu Elpídio Chaveiro, representando um desafio que ultrapassa a mera lida no campo do existencialismo e da luta pela própria sobrevivência. A sua luta se dá pela necessidade de conseguir uma enxada emprestada para trabalhar. Ele não tem o instrumento de trabalho, a enxada. Piano precisa trabalhar para pagar sua dívida, mas, não recebe condições para isso. A enxada simboliza a ferramenta e as condições de trabalho do homem e sua conexão visceral com a natureza e com sua própria essência. O cerne do conto está no motivo de uma enxada que Piano tenta obter, sem sucesso, para plantar uma roça. Essa ferramenta, a enxada, foi o estopim da morte de Piano. Na história, Bernardo Élis denuncia a opressão a que Elpídio Chaveiro submete Piano. 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No estudo de Borges (2016), o autor explica que a economia rural goiana, em seus moldes mais tradicionais, está estruturada por práticas de subsistência e trocas simples, nas quais os valores de mercado não predominam, e as relações de troca e de trabalho se dão em um plano de sociabilidade mais direta e pessoal. O conto “A enxada” é um retrato da luta diária de um homem do campo, onde o espaço rural se torna um elemento central da narrativa, em constante diálogo com o trabalho e as relações de troca. A troca simples, conceito abordado na tese de Borges (2016), é um conceito que aparece implicitamente no conto. A partir dessa perspectiva, a análise da obra de Bernardo Élis (1966), sob a perspectiva de Borges (2016), possibilita uma nova compreensão da representação literária do Goiás rural e suas particularidades socioeconômicas. CONSIDERAÇÕES FINAIS A pesquisa realizada em torno do conto A enxada, de Bernardo Élis, com foco no Goiás rural das décadas de 1940 e 1950. Como resultado é possível afirmar que a literatura produzida por Bernardo Élis constitui uma literatura de denúncia às mazelas encontradas no espaço rural entre as décadas de 1940 a 1950. A pesquisa demonstrou que o conto analisado propõe uma crítica à estrutura agrária brasileira, configurando-se como ferramenta epistemológica para compreender as persistências e rupturas no espaço rural goiano. Palavras-chave: A enxada; Bernardo Élis, espaço rural de Goiás, literatura e geografia. REFERÊNCIAS BORGES, Júlio César P. Estado e políticas públicas: trilhos, estradas, fios e genes da modernização do território goiano. 2007. (Dissertação de Mestrado) – Iesa, 2007. BOSI, Alfredo. Dialética da colonização. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. ÉLIS, Bernardo. A enxada. In: BERNARDO, Élis. Veranico de janeiro. Rio de Janeiro: José Olympio, 1966. MENDES, José. Geografia agrária e desenvolvimento rural. Brasília: Editora UnB, 2012. MITIDIERO, M. 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Publicado em 28 de novembro de 2025

Resumo

INTRODUÇÃO A presente pesquisa investiga as representações do espaço rural goiano nas décadas de 1940 e 1950, a partir da análise do conto A enxada, de Bernardo Élis. Inserido no contexto da literatura regionalista brasileira, o conto retrata as tensões sociais, econômicas e simbólicas que permeiam o espaço rural goiano no período em questão. O trabalho busca compreender o como era o Estado de Goiás entre as décadas de 1940 a 1950. O objetivo principal da pesquisa é analisar e construir uma crítica a esse período, evidenciando aspectos como o trabalho manual e a violência retratada no espaço rural nesse período. A metodologia adotada consiste na análise qualitativa de base interpretativa, com apoio nos pressupostos da crítica literária e nos estudos culturais, além de referências à historiografia goiana que contextualizam o período abordado. As discussões apontam para uma narrativa engajada que, ao explorar a figura da enxada como símbolo ambivalente — ora instrumento de sobrevivência, ora signo de opressão —, revela as tensões do espaço rural. Os resultados indicam que Bernardo Élis propõe uma visão crítica e sensível do homem rural, situando seu conto entre os esforços literários de denúncia das desigualdades. Conclui-se que A enxada ultrapassa os limites do regionalismo temático ao articular forma literária e denúncia social, oferecendo uma leitura do Goiás rural em processo de transformação. METODOLOGIA A pesquisa desenvolvida insere-se no campo da crítica literária, adotando uma abordagem qualitativa de caráter interpretativo. A análise do conto A enxada, de Bernardo Élis, é realizada a partir de um referencial teórico-metodológico interdisciplinar, que articula elementos da teoria literária com contribuições dos estudos sobre a intersecção entre a literatura e a geografia. 1Este resumo expandido é resultado de pesquisa de Doutorado, pela Universidade Federal de Jataí-GO. Como procedimentos metodológicos, foi empregada a leitura analítico-interpretativa do conto A enxada, de Bernardo Élis. A pesquisa se apoia em autores como Bernardo Élis, Júlio César Pereira Borges, Alfredo Bosi, José Mendes, Marco Mitidiero, entre outros. A coleta de dados compreendeu a consulta a fontes primárias e secundárias: além do próprio conto de Bernardo Élis, foram analisadas crônicas, entrevistas e ensaios do autor que iluminam seu posicionamento intelectual e seu vínculo com a realidade goiana. Complementarmente, foram utilizados documentos históricos, dados censitários da época (quando disponíveis) e bibliografia sobre o período e os processos de modernização no campo e as desigualdades estruturais que marcaram as décadas de 1940 e 1950. RESULTADOS E DISCUSSÃO Bernardo Élis escreveu o conto “A enxada” que antecede ao período da Ditadura Militar brasileira. O conto retrata o período chamado por Borges (2007), como período da troca simples, na década de 1940 aproximadamente, ao início da modernização do Espaço agrário, entre 1940 e 1950. O conto de Bernardo Élis, “A enxada”, é um reflexo contundente das dinâmicas sociais e econômicas que permearam o estado de Goiás ao longo do século XX. Ao abordar a temática da propriedade da terra e a luta do trabalhador, Élis utiliza uma narrativa que revela as contradições e desigualdades que se consolidaram entre as décadas de 1940 e 1950, período marcado por profundas transformações no campo goiano. O conto, que sugere esse período, relata que Piano deveria plantar uma roça de arroz até o dia de Santa Luzia, data importante no calendário do camponês. A partir desse momento começou seu pesadelo, pois Piano passou a ser perseguido pelo fazendeiro Elpídio Chaveiro. Piano lutou pela vida, pela liberdade e pela enxada. Piano não tinha enxada e o fazendeiro Elpídio Chaveiro o impedia de ter. Negava-lhe a enxada e impedia que outras pessoas lhe vendessem ou emprestassem. Sob pressões, torturas e ameaças, saiu de madrugada com sono debaixo da chuva de Santa Luzia. Findado o prazo dado pelo fazendeiro Elpídio Chaveiro, tendo que plantar a roça de arroz sem enxada, Piano começou a delirar. Viu seu corpo transformar-se em enxada. Ajoelhou-se no solo, mergulhou as mãos na terra molhada pela chuva. Os dedos de Piano penetravam a terra como se debulhassem as teclas de um piano. Suas mãos cavavam o solo com sangue, suor e lágrimas. Sabia que morreria, não por causa da roça de arroz, mas pela ganância, pela injustiça e pela violência estimulada pela transformação da terra em mercadoria. Piano é a representação de um tempo e de uma paisagem formada por coronéis. Viveu dramaticamente o sofrimento da luta para conseguir uma enxada. Esta, a luta de Piano, é a luta de muitos trabalhadores rurais no Brasil, em especial o sertanejo goiano, no período marcado pelo coronelismo, como tratado no conto; luta por dignidade e condições adequadas para se trabalhar. No conto, Bernardo Élis descreve a paisagem rural de Goiás entre as décadas de 1940 a 1950 como um cenário marcado pela brutalidade do latifúndio, pela concentração de terras nas mãos de coronéis e pela invisibilidade da luta do trabalhador rural. Os coronéis detinham o controle da terra e da vida dos camponeses. No período retratado no conto “A enxada”, a terra em Goiás era o palco de opressão que se alimentava da desigualdade. O latifúndio é a estrutura fundamental dessa paisagem. As mãos dos trabalhadores eram esmagadas pela força da opressão, assim como as mãos de Piano, relatadas na obra, foram dilaceradas ao cavar o solo, misturando terra, carne, osso e sangue. Os coronéis eram detentores de vastas áreas de terra impondo um sistema de relações patrimoniais que eram a continuação das práticas coloniais. A escravidão, embora oficialmente extinta, continuava e continua (em alguns casos) a se manifestar nas relações de trabalho no espaço rural. A morte de Piano é similar à morte de sem-terras e indígenas mortos pelo Brasil. Essa violência é parte de uma estrutura sistêmica que privilegia a concentração de terra, a exploração econômica e o silenciamento de vozes mais vulneráveis. Nesse mesmo período retratado no conto, as condições de vida de muitos trabalhadores rurais em Goiás eram desumanas, como foi a trajetória de Piano. As mãos tocavam a terra como se toca o piano, no desespero pela enxada que lhe foi negada como lhe foi negada a dignidade. Piano sentia fome, não tinha o que comer, o seu estômago roncava e sua pele suava enquanto era espancado pelos soldados de Elpídio Chaveiro. O ciclo de exploração era mantido pela violência simbólica e direta: o trabalhador devia obediência ao coronel, cuja palavra era a lei. Piano é a representação de muitos trabalhadores rurais nesse período conhecido como o tempo do coronelismo. O medo de represálias, o temor de ser expulso de uma terra que não era sua fazia com que os camponeses e sertanejos vivessem uma constante submissão ao latifúndio em condições de trabalho precárias. No conto “A enxada”, a relação entre o homem, a terra e a luta se desdobram em uma trama densa e simbólica que reflete aspectos essenciais da condição humana. Nessa narrativa, o protagonista é confrontado com a difícil tarefa de trabalhar na terra sem seu instrumento de trabalho, para plantar a roça de seu Elpídio Chaveiro, representando um desafio que ultrapassa a mera lida no campo do existencialismo e da luta pela própria sobrevivência. A sua luta se dá pela necessidade de conseguir uma enxada emprestada para trabalhar. Ele não tem o instrumento de trabalho, a enxada. Piano precisa trabalhar para pagar sua dívida, mas, não recebe condições para isso. A enxada simboliza a ferramenta e as condições de trabalho do homem e sua conexão visceral com a natureza e com sua própria essência. O cerne do conto está no motivo de uma enxada que Piano tenta obter, sem sucesso, para plantar uma roça. Essa ferramenta, a enxada, foi o estopim da morte de Piano. Na história, Bernardo Élis denuncia a opressão a que Elpídio Chaveiro submete Piano. Essas imagens correspondem ao período aproximadamente entre as décadas de 1940 e 1950, as mesmas condições a que os latifundiários coronelistas submetiam os sertanejos rurais. Nessa perspectiva, a expressão das desigualdades desse recorte temporal marcou o Brasil rural, em especial o espaço sertanejo goiano. O mesmo sistema denunciado pelo escritor goiano Bernardo Élis, no conto “A enxada”, em que Piano, personagem central, é um trabalhador rural explorado até a morte, sem as condições mínimas de trabalho. As desigualdades se estendem por todo o Brasil. A obra “A enxada” configura-se como uma narrativa que aprofunda a compreensão da realidade rural do estado de Goiás, centrando-se na figura do sertanejo. O sertão goiano remete à realidade descrita por Júlio César Pereira Borges, em sua tese “Fazenda-Roça Goiana: Matriz Espacial do Território e do Sertanejo Goiano”, Borges (2016). No estudo de Borges (2016), o autor explica que a economia rural goiana, em seus moldes mais tradicionais, está estruturada por práticas de subsistência e trocas simples, nas quais os valores de mercado não predominam, e as relações de troca e de trabalho se dão em um plano de sociabilidade mais direta e pessoal. O conto “A enxada” é um retrato da luta diária de um homem do campo, onde o espaço rural se torna um elemento central da narrativa, em constante diálogo com o trabalho e as relações de troca. A troca simples, conceito abordado na tese de Borges (2016), é um conceito que aparece implicitamente no conto. A partir dessa perspectiva, a análise da obra de Bernardo Élis (1966), sob a perspectiva de Borges (2016), possibilita uma nova compreensão da representação literária do Goiás rural e suas particularidades socioeconômicas. CONSIDERAÇÕES FINAIS A pesquisa realizada em torno do conto A enxada, de Bernardo Élis, com foco no Goiás rural das décadas de 1940 e 1950. Como resultado é possível afirmar que a literatura produzida por Bernardo Élis constitui uma literatura de denúncia às mazelas encontradas no espaço rural entre as décadas de 1940 a 1950. A pesquisa demonstrou que o conto analisado propõe uma crítica à estrutura agrária brasileira, configurando-se como ferramenta epistemológica para compreender as persistências e rupturas no espaço rural goiano. Palavras-chave: A enxada; Bernardo Élis, espaço rural de Goiás, literatura e geografia. REFERÊNCIAS BORGES, Júlio César P. Estado e políticas públicas: trilhos, estradas, fios e genes da modernização do território goiano. 2007. (Dissertação de Mestrado) – Iesa, 2007. BOSI, Alfredo. Dialética da colonização. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. ÉLIS, Bernardo. A enxada. In: BERNARDO, Élis. Veranico de janeiro. Rio de Janeiro: José Olympio, 1966. MENDES, José. Geografia agrária e desenvolvimento rural. Brasília: Editora UnB, 2012. MITIDIERO, M. Territórios simbólicos e o rural no Brasil contemporâneo. João Pessoa: Editora da UFPB, 2016.

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