O trabalho descreve os respectivos padrões de concordância verbal na variedade do português falado em Moçambique (PM), observando a primeira pessoa (1PP) e terceira pessoa do plural (3PP). Para tanto, consideram-se amostras com graus de urbanidade diferentes, indo, do mais urbano (Maputo, capital) ao menos urbano (Cuamba, cidade de Moçambique). A seleção e obtenção de ocorrências são examinadas a partir dos preceitos da Teoria da Variação e Mudança (WEINRECH; LABOV; HERZOG, 1968), sendo a língua concebida como um fenômeno social e heterogêneo. Considerando a realidade multilíngue de Moçambique, além dos fatores linguísticos – relacionados à forma verbal e ao sujeito – e sociais básicos – faixa etária, escolaridade e escolaridade –, controlam-se também a primeira língua (L1) e o emprego e/ou compreensão da língua portuguesa (LP) no cotidiano do participante. Os resultados demonstram que independente da pessoa verbal, a marcação padrão é altamente empregada entre os falantes, especialmente aqueles que possuem a LP como L1. Quando confrontada aprendizagem da LP, os falantes de português como L2 revelam, tanto na 1PP como na 3PP, atuação variável da regra. No que tange à urbanidade, embora haja poucos dados de 1PP na amostra rural, fator que atribui caráter limitado a generalizações, os resultados da 3PP sugerem a maior frequência da variante padrão nas amostras urbanas do que nas amostras rurais. Por último, quanto à concordância entre as formas variáveis em relação aos sujeitos de 1PP, os resultados apontam alternância entre a marca padrão de pluralidade majoritariamente em relação ao sujeito nós (94,3%), de modo que a concordância não padrão com o sujeito a gente se demonstra rara e muito pontual. Por fim, espera-se que este trabalho contribua com a compreensão do impacto do multilinguismo nos fenômenos variáveis da variedade do PM.