Em consonância com a perspectiva interacionista de leitura (SOLÉ, 2015; CAMPS, COLOMER, 2002; PETI, 2008; YUNES, 2009), cujos princípios subjazem um leitor ativo, crítico, cidadão, livres e capazes de participar ativamente de diversos eventos de letramento na sociedade, nos questionamos: como propor situações de leitura em que estudantes com deficiência intelectual possam construir sentidos sobre os textos científicos compartilhados nas aulas? Que estratégias podem ser utilizadas pela professora mediadora na intenção de ajudar esses estudantes a construir sentidos sobre o que ouve ou lê? Partindo do princípio de que a finalidade da leitura tem como primeiro objetivo o uso social, o presente estudo tem como objetivo central analisar a mediação de sessões de leitura individualizada voltadas, especificamente, para inclusão de uma estudante com deficiência intelectual no componente curricular de Português Instrumental, do Curso de Bacharelado em Engenharia Elétrica. De natureza qualitativa (STAKE, 2011; IBIAPINA, 2008), o estudo analisou as videogravações e transcrições de aulas/atividades remotas mediadas ao longo de dois semestres. Nesse período, foram experienciadas várias estratégias. No entanto, os dados produzidos na pesquisa nos sinalizaram que os momentos em que a professora percebe uma maior compreensão do texto verbal é, justamente, no momento em que há uma interação antes, durante e depois da leitura, resgatando os conhecimentos prévios, buscando informações explícitas no texto, mobilizando pequenas inferências e potencializando comentários de elaboração pessoal sobre a temática. Concluímos, então, que a mediação docente é fundamental no processo de construção de sentidos de textos científicos, especialmente quando se trata de estudantes com deficiência intelectual.