Artigo Anais do 9º Encontro Nacional de Ensino de Sociologia na Educação Básica

ANAIS de Evento

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SOCIOLOGIA NO CÁRCERE: ENTRE SABERES CRÍTICOS, AUTONOMIA DOCENTE E SILENCIAMENTOS CURRICULARES

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Para alcançar os objetivos propostos foi necessário recorrer às anotações de um diário de campo, construído a partir da experiência vivida e para uma finalidade acadêmica diante do interesse nos estudos sobre a Educação Prisional. As anotações inseridas na primeira seção do trabalho constituem marcos sobre o início de uma atuação docente em uma modalidade diferenciada de ensino e a emergência de um currículo no contexto da pandemia. No âmbito do Estado de Minas Gerais, adotou-se o Plano de Estudo Tutorado (PET) que consistia em um material que já vinha pronto no formato de apostilas mensais e/ou bimestrais organizado com base no Currículo Referência de Minas Gerais (2020). Nas escolas do cárcere, contudo, o trabalho com o PET se deu de forma peculiar com a colaboração dos professores em sua confecção, uma vez que não havia uma apostila elaborada para atender a EJA do sistema prisional. Na segunda seção, contudo, o trabalho traz algumas experiências da prática profissional com a retomada das atividades presenciais, uma reflexão sobre o “currículo oculto” no cárcere e os dilemas com os quais o professor se depara ao atuar no sistema prisional. O docente nesses espaços acaba por atuar como resistência em um contexto dotado de uma lógica própria, com regras predefinidas, rituais que antecedem a sua chegada à sala de aula, a reclusão a qual se submetem os demais funcionários, a tensão emocional que se dá por ruídos diversos e carência de recursos para o seu trabalho. Para fundamentar este trabalho, contudo, a contribuição dos teóricos críticos e a escolha por essa perspectiva epistemológica foi influenciada pela noção de que a escola e a educação são instrumentos de reprodução e legitimação das desigualdades sociais. Como afirma Apple (2006, p. 44), "o currículo não é simplesmente uma seleção neutra de saberes, mas sim uma construção social que privilegia determinados grupos e interesses". Nesse mesmo sentido, Silva (2003) ressalta que o currículo é um texto cultural, “através do qual certos significados são legitimados e outros silenciados”, evidenciando seu papel na manutenção das relações de poder. Essa concepção crítica reconhece que os processos escolares não apenas refletem a sociedade, mas também contribuem para estruturá-la e reproduzi-la. Essa abordagem permite uma perspectiva libertadora que se relaciona às contradições presentes na sociedade capitalista e de forma mais centrada em uma concepção de educação voltada para um público marginalizado socialmente. METODOLOGIA A pesquisa adota uma abordagem qualitativa de natureza teórico-reflexiva, ancorada na perspectiva crítica do currículo. A metodologia combina a revisão bibliográfica com a análise de um diário de memórias e discussões produzidas pelos autores, o qual funciona como instrumento de reflexão sobre experiências formativas, práticas pedagógicas e percepções do currículo no contexto do sistema prisional. O diário é utilizado como fonte subjetiva e narrativa, permitindo a articulação entre teoria e experiência, que contribui para a compreensão dos sentidos atribuídos ao currículo. DESENVOLVIMENTO/REFERENCIAL TEÓRICO Este trabalho parte da compreensão do currículo como construção social, histórica e culturalmente situada, rejeitando a noção de neutralidade ou universalidade. Com base em uma perspectiva crítica, o artigo discute como o currículo atua como instrumento de poder, contribuindo para a manutenção ou contestação de desigualdades sociais. O referencial teórico ancora-se em autores como Silva (2003), que entende o currículo como um texto cultural e político, Apple (2006), que o analisa como um espaço de disputa ideológica no qual determinados conhecimentos são legitimados em detrimento de outros. Moreira e Candau (2007), por sua vez, fundamentados na concepção histórico-crítica, defendem que o currículo se trata de uma discussão ampla que envolve pensar não somente nos conhecimentos escolares, mas no ensino e na aprendizagem, nas relações sociais, nas transformações e nos valores empreendidos na construção de identidades. Também se destaca nas discussões a influência de Freire (1996), compreendida como um movimento dialético de ação-reflexão-ação que implica em uma prática educativa com reflexão crítica sobre a realidade, seguida da ação transformadora. Nesse sentido, compreende-se a educação não reduzida à transmissão de conteúdos, mas como um ato político e consciente, comprometido com a emancipação dos sujeitos. CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante do exposto, é possível reconhecer a relevância dos estudos críticos do currículo para a compreensão das especificidades da Sociologia na Educação Prisional. Tais abordagens evidenciam a necessidade de uma reflexão contínua sobre como lidar com as diferenças e os desafios próprios da prática nesse contexto. A temática da educação em prisões permanece complexa, marcada por contradições estruturais. O encarceramento, guiado por uma lógica neoliberal, abandona a função ressocializadora para favorecer interesses econômicos, políticos e sociais, transformando os corpos encarcerados em força de trabalho explorável. Nesse cenário, o currículo se torna um campo de disputa simbólica e prática, exigindo propostas que rompam com a lógica da exclusão. As reflexões aqui apresentadas não encerram as problemáticas, mas apontam para a urgência de ampliar os debates e fomentar pesquisas comprometidas com realidades plurais do sistema prisional brasileiro. Foi fundamental considerar durante as discussões a formação docente como elemento-chave, de modo que os professores estejam não apenas atualizados com a produção acadêmica, mas também inseridos nela como sujeitos produtores de conhecimento. No entanto, essa tarefa se confronta com o desestímulo e a precarização impostos pela lógica mercadológica que atravessa a educação. REFERÊNCIAS APPLE, Michael W. Ideologia e currículo. 3 ed. Porto Alegre: Artmed, 2006. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. MINAS GERAIS. Currículo Referência de Minas Gerais: Etapa do Ensino Médio. Belo Horizonte: SEE/MG; Undime/MG, 2020. Disponível em: https://www.curriculomg.educacao.mg.gov.br/. Acesso em: 20 abril 2025. MOREIRA, A. F.; CANDAU, V. Indagações sobre Currículo: currículo, conhecimento e cultura. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2007. SILVA, Tomaz Tadeu da. 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CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante do exposto, é possível reconhecer a relevância dos estudos críticos do currículo para a compreensão das especificidades da Sociologia na Educação Prisional. Tais abordagens evidenciam a necessidade de uma reflexão contínua sobre como lidar com as diferenças e os desafios próprios da prática nesse contexto. A temática da educação em prisões permanece complexa, marcada por contradições estruturais. O encarceramento, guiado por uma lógica neoliberal, abandona a função ressocializadora para favorecer interesses econômicos, políticos e sociais, transformando os corpos encarcerados em força de trabalho explorável. Nesse cenário, o currículo se torna um campo de disputa simbólica e prática, exigindo propostas que rompam com a lógica da exclusão. As reflexões aqui apresentadas não encerram as problemáticas, mas apontam para a urgência de ampliar os debates e fomentar pesquisas comprometidas com realidades plurais do sistema prisional brasileiro. 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Publicado em 18 de julho de 2025

Resumo

Esta comunicação tem como objetivo apresentar reflexões que envolvem a experiência e a percepção docente sobre o currículo de Sociologia na Educação de Jovens e Adultos (EJA) no contexto do sistema prisional. Como aporte teórico conta com contribuições dos estudos críticos de currículo e pesquisas de estudiosos da Educação Prisional. Com abordagem qualitativa, este estudo apresenta dados de campo obtidos por um dos autores, a qual é docente em uma escola inserida em uma penitenciária localizada em Minas Gerais, bem como discussões produzidas em um grupo de estudos que integram os demais autores. O texto se organiza a partir de uma introdução, problematizando o currículo a partir da experiência docente no sistema prisional, o desenvolvimento em duas seções com debates e contribuições da teoria crítica do currículo e algumas considerações que podem contribuir para trabalhos futuros. 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Como afirma Apple (2006, p. 44), "o currículo não é simplesmente uma seleção neutra de saberes, mas sim uma construção social que privilegia determinados grupos e interesses". Nesse mesmo sentido, Silva (2003) ressalta que o currículo é um texto cultural, “através do qual certos significados são legitimados e outros silenciados”, evidenciando seu papel na manutenção das relações de poder. Essa concepção crítica reconhece que os processos escolares não apenas refletem a sociedade, mas também contribuem para estruturá-la e reproduzi-la. Essa abordagem permite uma perspectiva libertadora que se relaciona às contradições presentes na sociedade capitalista e de forma mais centrada em uma concepção de educação voltada para um público marginalizado socialmente. METODOLOGIA A pesquisa adota uma abordagem qualitativa de natureza teórico-reflexiva, ancorada na perspectiva crítica do currículo. 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